Se o teu trabalho exige que escrevas com frequência, certamente saberás como pode ser difícil transformar uma ideia em palavras. Escrever é realmente uma arte, especialmente se procurares ser sempre conciso nos teus pensamentos.
“I didn’t have time to write a short letter, so I wrote a long one instead.” – Mark Twain
Mas, como nem todos somos artistas, existem várias aplicações que te podem ajudar. Algumas, infelizmente, só te serão úteis se escreveres frequentemente em inglês – mas, ainda assim, é bom entender como funcionam, porque são técnicas que poderás depois aplicar em qualquer idioma.
E é precisamente por aí que pretendo começar – antes das apps que te ajudarão a escrever melhor, vamos a alguns conselhos práticos.
Algumas dicas para melhorar a escrita
Sempre que começo a escrever algo para a Web (quase sempre em Markdown), considero vários factores.
É importante ter em conta que as pessoas não lêem no portátil como lêem um livro do Harry Potter. Neste ambiente, enfrentas todo o tipo de concorrência das outras tabs e aplicações abertas, e um leitor com a atenção cada vez mais reduzida.
Outra questão pertinente é que a maior parte dos leitores scaneiam o conteúdo – mesmo que alguém goste do teu trabalho, o mais provável é que apenas leia cerca de 20–25% do teu artigo. Ouch!
O que me traz para a primeira dica, que é provavelmente a mais importante…
Facilita ao máximo a leitura
Sempre que possível, utiliza headings e sub-headings para dividir o teu conteúdo, com as tags <h1>
, <h2>
e <h3>
(podes ir até às <h6>
). Por norma só deves ter um <h1>
por artigo, utilizando depois os respectivos descendentes para organizar o conteúdo.
Para além de uma boa prática de SEO, estarás a dar ao leitor uma ideia da secção em que se encontra, para se situar.
Outras ideias que deves ter em conta:
- utiliza o itálico para criar um tom conversacional;
- utiliza o negrito sempre que queiras destacar o que é importante;
- utiliza listas (como esta) para facilitar a digestão de informação – idealmente, do ponto mais curto para o mais longo.
Pelo caminho, se conseguires acrescentar ainda algumas imagens e vídeos relevantes, melhor. E porque não emojis? 😎
Outra coisa que gosto de fazer quando termino os meus artigos é fazer zoom out no editor de texto, para analisar a sua “forma” – confirma que os parágrafos não são muito extensos e que o texto respira, tendo em conta as dicas referidas acima.
Escreve música
Igualmente importante será alternares parágrafos longos com curtos, para criar algum ritmo.
A razão? Lê este excerto do livro 100 Ways to Improve your Writing de Gary Provost e vê lá se não concordas com o autor.
Escreve para crianças, não para licenciados
Ao início, procurava utilizar as palavras mais caras que conseguia – para mostrar que dominava a língua portuguesa, e porque pensava que existia uma relação entre palavreado caro e ser-se um bom escritor.
Não podia estar mais errado.
É possível que tenhas de usar termos altamente complexos se estiveres a falar de engenharia aeroespacial ou quiseres (propositadamente) filtrar (ou alienar) parte dos teus leitores.
Mas se queres falar sobre marketing, nutrição, desporto ou tecnologia, não faz qualquer sentido deixar pessoas de fora.
Em suma, quanto mais acessível for a tua linguagem, melhor.
Se uma criança de 10 anos perceber o teu texto, terás muito maior sucesso do que se restringires a tua peça aos licenciados de 25.
Existem testes de legibilidade que actuam precisamente sobre isto; avaliam o bloco de texto e, consoante a nota, determinam o grau de escolaridade recomendado para a leitura.
Talvez já tenhas ouvido falar no índice de Flesch da facilidade de leitura, ou no grau de escolaridade Flesch-Kincaid.
São 2 tipos de teste diferentes, mas acabam por ter em conta os mesmos parâmetros – o número de sílabas/palavras presente em cada frase.
Este tipo de testes é algo que praticamente todas as apps aqui referidas têm em conta.
Vamos então conhecer as apps!
Só te peço um favor:
NÃO VIVAS OBCECADO COM ESTAS MÉTRICAS!
Ao final do dia, é uma máquina que está a ler o teu texto! Podes e deves ter o seu feedback em consideração, mas não lhe dês a última palavra.
#1: Writefull (OSX, Windows e Linux)
Se só te pudesse recomendar uma aplicação da lista, o Writefull seria sem dúvida a eleita.
Esta é uma aplicação que dá bastante jeito ter à mão quando estás com dúvidas ou procuras sinónimos para alguma palavra.
O que se faz neste tipo de situações? Vai-se ao Google. Bom, esta app vai por ti.
O Writefull acede a 4 serviços Google para te dar resultados:
- o famoso motor de busca;
- o Google Books (apenas livros em Inglês);
- o Google News (fontes de notícias, em 35 idiomas);
- o Google Scholar (papéis académicos, em 9 línguas).
E o que podes então fazer com esta aplicação? Ora vejamos:
- Verificar o número de ocorrências de um termo;
- Comparar o número de resultados para 2 termos, utilizando
vs
(ex:variado vs diverso
) - Encontrar palavras para completar a frase no contexto, utilizando
_
(ex:dar a _ à palmatória
) - Encontrar sinónimos no contexto, utilizando
*
antes e depois da palavra (ex:*beautiful*
) – este modo só funciona no Google Books, logo só em inglês.
Esta é uma app gratuita e está disponível para os principais sistemas operativos – no vídeo abaixo ficarás com uma melhor ideia de como funciona.
#2: Cleartext (OSX)
Esta criação do programador Morten Just tem uma premissa muito simples: só te permite utilizar as 1000 palavras mais frequentes da língua inglesa.
O objectivo? Tornar o texto mais fácil de ler e acessível à grande maioria da população.
A aplicação (gratuita) é um simples editor de texto (que até pode ficar full-screen) que não te deixará avançar enquanto não alterares uma palavra que ele não reconhece por algo mais acessível.
Esta app não te dará jeito para textos muito técnicos (ou que não sejam em inglês), mas não deixa de ser um bom exercício para garantir que tentas ser o mais claro possível nas tuas afirmações.
#3: Grammarly (Browser, OSX e Windows)
Esta aplicação é das mais populares do género, mas provavelmente a que utilizo menos. A razão? Só tirarás todo o partido se pagares uma mensalidade de, no mínimo, $11 por mês (se escolheres o plano anual).
O Grammarly tem uma extensão para o Chrome e até versões específicas para o Microsoft Office, e é um corrector ortográfico muito inteligente, porque analisa o contexto da tua frase e percebe se usaste a expressão errada. Vai também avaliar a tua escolha de palavras, a densidade de palavras na frase e a pontuação utilizada.
Terás de te registar para a utilizar e cuidado porque eles são SUPER agressivos no e-mail, para te tentar persuadir a passar para o plano pago.
A aplicação tem ainda uma componente anti-plágio, comparando o texto com uma base de dados de mais de 8 biliões de páginas web.
É uma solução bastante completa para o género, mas só suporta a língua inglesa e o seu preço pode ser considerado proibitivo para muita gente – não deixa de ser uma boa opção se tudo o que precisas é de um bom corrector ortográfico de inglês na web.
#4: Hemingway Editor (Browser, OSX e Windows)
Esta é uma boa alternativa gratuita ao Grammarly, oferecendo um conjunto de sugestões bem pertinentes, como um alerta para o uso da voz passiva ou a indicação de que determinada frase é demasiado complexa para ler.
Infelizmente, só poderás contar com esta aplicação para textos em inglês.
#5: Expresso (Browser)
O Expresso não é a melhor app para sugestões, mas fornece uma análise bastante detalhada a nível estatístico, como número de frases ou de sílabas e a percentagem de substantivos ou verbos.
Gosto particularmente da secção Metrics, que não só explica o que a aplicação tem em conta, como acaba por servir de guia para escrevermos melhor.
Conclusão
Como vês, aplicações não faltam. Têm, no entanto, funcionalidades bastante similares e estão, por agora, mais orientadas para o mercado de língua inglesa.
Se escreves noutros idiomas, fica-te pelo Writefull e faz um esforço por criares conteúdos fáceis de digerir. A malta agradece!