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Conteúdo é Rei

PES myClub Guide

PES myClub – a criação de um guia definitivo

PES myClub – a criação de um guia definitivo 1240 700 Bruno Brito

Nos últimos dias de 2018 decidi criar um guia para o simulador de futebol Pro Evolution Soccer, da Konami (disponível para PS4/XBOX/PC).

O que me motivou? A ausência de informação sobre o jogo, em particular sobre o myClub, um dos modos mais populares do PES 2019.

Apesar da sua popularidade, o myClub é particularmente complexo, e quando comecei senti algumas dificuldades em entender tudo o que podia fazer – o que me surpreendeu, considerando que já jogo PES há quase 2 décadas.

Assim sendo, fui procurar respostas online, mas a informação não abundava. Estava aqui uma oportunidade: compilar toda a informação disponível sobre o myClub para o PES 2019 e criar o guia definitivo do jogo.

E assim nasceu o PES myClub Guide.

Para chegar a mais gente, decidi escrevê-lo em inglês. Neste momento, o guia conta com mais de 8.000 palavras – o que significa que leva mais de 40 minutos a ser lido!

Muito do conteúdo surgiu de dúvidas minhas, mas foi também muito importante visitar os principais fóruns (como o Reddit) para entender as dúvidas mais frequentes e garantir que o guia se tornava acessível a qualquer “novato” no jogo.

Aqui, aprendi que é bastante importante facilitar a chegada de jogadores que vêm do jogo concorrente (o FIFA, mais concretamente jogadores do modo Ultimate Team) e que os leilões no PES são a componente que gera maior confusão.

Optei também por criar uma secção de dicas rápidas para jogadores que já estão familiarizados com o myClub, mas que ainda assim podem ter passado ao lado de alguns pontos.

Por motivos de SEO, optei por tornar este guia single-page, com um índice detalhado e sem qualquer imagem – para que o site carregue o mais rapidamente possível.

A performance foi na verdade uma das principais preocupações: o JavaScript foi mínimo, até porque o desafio principal estava relacionado com o design; como tornar um bloco gigante de texto convidativo ao leitor, e fácil de ler nos vários dispositivos?

Era esse o principal problema, mas fiquei satisfeito com a solução encontrada.

pesmyclubguide.com screenshot

E agora, o que se segue? A divulgação do site nas principais comunidades, para recolha de feedback e optimizações do conteúdo.

Tenho ainda 2 curiosidades que gostava de ver respondidas:

  • será que o conteúdo é demasiado longo para os leitores? Seria preferível um vídeo? Obviamente não estou à espera que cada leitor leia todo o guia, mas qual será o tempo no site que o Google Analytics me dará?
  • será que o guia sem imagens funcionará, ou terei que aumentar o peso da página?

A longo prazo não tenho qualquer ambição para este projecto, mas com os meus conhecimentos de Marketing Digital tentarei fazer o possível para que este guia chegue a todos os fãs do jogo – recorrendo sobretudo a técnicas de link building.

Mas, por agora, estou simplesmente feliz por já existir um guia para o viciante myClub do PES 2019! 🙂

O projecto Wrestling.PT

Conteúdo é Rei – O projecto Wrestling.pt

Conteúdo é Rei – O projecto Wrestling.pt 620 350 Bruno Brito

Em Junho de 2013, quando me mudei para a Suíça, deixei para trás uma das minhas maiores paixões – o Wrestling. Estou ligado a este mundo há mais de 15 anos (que já muito me ensinou) e abandonar o cargo de treinador a tempo inteiro da academia do Wrestling Portugal foi sem dúvida uma decisão muito difícil.

Estando agora a 2.000 quilómetros de Queluz, seria fisicamente impossível comparecer nos treinos todos os sábados, mas tal não me impediu de pensar em formas de continuar a ajudar e promover o que é feito naquele belo edifício situado em Monte-Abraão, mesmo se à distância.

Como surgiu a ideia

Sendo eu um grande fã de marketing de conteúdos, não foi difícil encontrar a solução para continuar a espalhar a mensagem. Nasceu assim o projecto que informalmente intitulei “O manual do (aprendiz a) lutador”.

O bichinho de partilhar conhecimento sobre Wrestling continuava bem vivo dentro de mim e senti que a melhor forma de continuar a transmitir as minhas mensagens seria através de um blog. Não substituiria o ringue, mas esta seria a melhor forma de dar continuidade ao meu trabalho na academia.

Falar (e escrever) sobre Wrestling nunca foi problema para mim e sentia-me confortável para abordar os principais assuntos (e obstáculos), falando praticamente sempre por experiência própria e conhecendo as pessoas certas do circuito para pedir ajuda, quando relevante.

Quanto à plataforma, a escolha era óbvia – um dos meus alunos (e grande amigo meu) tem aquele que é o site de referência de Wrestling em português, com uma comunidade bem activa, pelo que foi uma questão de trocar uns e-mails para fazer com que isto acontecesse.

Objectivos

Este novo espaço, que apareceria semanalmente no Wrestling.PT, acabaria por beneficiar 3 entidades, directa ou indirectamente: a marca WrestlingPortugal, a marca Bruno “Bammer” Brito e o website Wrestling.PT (e claro, a sua forte comunidade).

Havia aqui uma forte preocupação em educar o leitor sobre o que é uma carreira de Wrestling, mas se estamos a falar de marketing de conteúdos, claro que existia aqui também algum Marketing a correr no background.

E claro, a grande vitória seria obter mais alunos.

Mas angariar novas inscrições não era tudo. Os objectivos para esta iniciativa eram os seguintes:

  • aumento da awareness da academia do WP;
  • aumento da credibilidade dos representantes da academia;
  • aumento do tráfego e da interação entre a comunidade, para o website Wrestling.PT.

Pelo meio, se os artigos tivessem qualidade e existisse interesse por parte da comunidade em saber mais, outros benefícios surgiriam de forma colateral, como o aumento de social signals (likes/seguidores/tweets), mais e-mails de potenciais alunos interessados em fazer parte da academia e maior conhecimento sobre o que se faz em Portugal.

Entrando na parte técnica…

A qualidade dos artigos teria de ser, indiscutivelmente, elevada. Estava em jogo a credibilidade tanto do porta-voz (eu) como da academia em si, visto que fui durante 7 anos o treinador principal.

Estes artigos preencheriam uma lacuna actual – muito se escreve sobre Wrestling todos os dias, mas raramente é abordada a questão da formação – especialmente em Português, é claro.

A priori

Não sou propriamente um estranho no que toca a Content Marketing. Para além de consumir muitos conteúdos por dia, já alimentei eu próprio vários blogs, de variados temas, pelo que neste poderia aplicar alguma experiência do passado.

Por um lado, sentia que alguns pontos jogavam a meu favor:

  • experiência enquanto aluno que foi lá fora, lutador, campeão e treinador;
  • domínio sobre a audiência (não só conheci inúmeros amigos/alunos que partilhavam este interesse como acompanhava diariamente os debates da comunidade online);
  • o facto de ter participado em actividades extra relacionadas com o Wrestling, como comentador SportTV, anúncio para a Vodafone, acção com a Optimus no festival Optimus Alive, etc.

Basicamente, isto significaria que poderia escrever na 1ª pessoa se necessário, sem necessidade de aceder ao Google para a maior parte dos artigos.

Por outro lado, colocavam-se naturalmente algumas incógnitas:

  • haveria interessados para este tipo de conteúdos?
  • seria credível ler artigos deste género criados por um Português?
  • teria eu a disciplina necessária para produzir um artigo por semana para este espaço?

Estes pontos não me impediram de seguir sem frente, pois havia aqui uma ideia com potencial, que devia ser validada. E assim se seguiu em frente!

Gerando ideias para artigos

A ideia de criar um manual significaria que os temas seriam finitos e estariam, ao mesmo tempo, interligados. Por esse motivo, apesar de ter uma ideia relativamente clara na minha mente do que teria de ser feito, senti que o melhor seria começar por um brainstorm de temas no Evernote. Estes tópicos foram geradas na sua maioria num só dia, mas sempre que necessário voltaria a aceder ao bloco de notas para acrescentar mais uma ou outra ideia.

Algumas ideias para artigos no Evernote

Este documento acabaria por se revelar bastante útil mais tarde, quando começava a ficar menos claro o que faltava abordar e quais as ideias mais pertinentes para utilizar a seguir. Nem todas as ideias foram usadas (e algumas tiveram de ser combinadas para justificar 1 artigo) mas este brainstorm é sem dúvida algo que aconselharia para qualquer projecto.

No que toca ao número de artigos a publicar, não teria qualquer constrangimento – escreveria enquanto fizesse sentido.

A anatomia de cada artigo

Todos os artigos seriam escritos em Markdown e depois convertidos para HTML, como faço habitualmente.

Ao redigir cada artigo, apontava para as 1800-2000 palavras e apresentaria sempre uma introdução (onde explicaria sucintamente o porquê daquele tópico ser importante para o aprendiz a lutador), o desenvolvimento (que poderia ser por listas do género “5 motivos”, texto corrido ou testemunhos de convidados) e a conclusão. Em alguns momentos, como links recorrentes, recorri ao TextExpander.

Considerando o short attention span que a internet proporciona, os artigos eram devidamente formatados para serem mais apelativos (com bolds e itálicos quando relevante) e contavam com 4 a 5 imagens.

No que diz respeito à voz, a ideia seria replicar aquilo que sou enquanto professor no WP – directo, sincero e sem filtros. Seria um professor à distância, é certo, mas pretendia manter uma comunicação similar àquela que seria experienciada na academia de Queluz. Penso que esta consistência seja importante, mais que não fosse para manter a coerência face ao que se lê nos artigos e o que se experiencia numa aula.

A nível de SEO, foram utilizadas tags h1/h2/h3/h4 quando relevante, o anchor text para a academia variava e o número de palavras dos artigos era Google-friendly. Por fim, adicionei a minha Google Authorship a este projecto.

Por fim, havia uma preocupação para que o conteúdo criado fosse evergreen, ou seja, intemporal. A ideia seria fazer sentido tanto nos dias de hoje como daqui a 5 ou 10 anos.

As imagens

A esmagadora maioria das imagens veio de 3 locais:

  • Fotografias diversas do website do WrestlingPortugal ou capturadas por mim durante o meu tempo na academia;
  • Compfight, um motor de pesquisa de imagens presentes no Flickr, exibindo imagens com a licença Creative Commons;
  • Montagens minhas feitas no Photoshop ou no Pixelmator, utilizando ícones do IconArchive ou GraphicStock (um site de imagens stock onde tenho conta).

Um exemplo de uma imagem minha:

Diploma de Graduado WP

As fotos eram carregadas no meu próprio alojamento, e nos últimos artigos utilizei o Compressor.io para comprimir as imagens.

O que não seria abordado

O Wrestling está cheio de segredos e mesmo com a Internet a levantar um pouco o véu sobre o que acontece nos bastidores, alguns aspectos mais práticos ficariam para os professores da Academia – por respeito ao Wrestling e para proteger o negócio.

Apesar de estar disposto a abrir o livro em todos os meus posts, prometi a mim próprio que tudo o que dissesse respeito a como executar determinado golpe, montar um combate ou comunicar no ringue, por exemplo, ficaria para alunos da academia do WP.

Assim, este seria o esquema final de artigos para o espaço:

O Manual do Aprendiz a Lutador

A importância do feedback

O sucesso desta iniciativa dependeria da adesão da comunidade.

O fã de Wrestling tem, por norma, sempre uma opinião apaixonada sobre qualquer tema, portanto seria interessante observar a resposta dos leitores a este novo espaço.

Aqui, prometi a mim mesmo que nenhum leitor ficaria sem resposta e que todo o feedback seria considerado.

A rotina semanal

Para este projecto, segui os passos habituais do meu processo criativo.

  • Na 2ª feira, escolhia o tópico (recorrendo ao Evernote) e pensava um pouco sobre o que quereria abordar. Eventualmente, abriria uma nota nova no Evernote ou no Google Keep (uso ambas) para apontar algumas ideias, nas horas vagas, como por exemplo durante o tempo passado no autocarro.

  • Na 3ª feira, começava a escrever. Geralmente terminava o primeiro draft nesse mesmo dia, ficando a 4ª feira para eventuais ideias novas que surgissem entretanto. Dependendo do tópico, estas 2.000 palavras poderiam ser escritas em 60 minutos ou numa manhã.

  • Na 5ª feira, já com a mente mais descansada, tratava da edição, relendo várias vezes o texto.

  • Na 6ª feira o artigo era convertido de Markdown para HTML e publicado de manhã, recebendo mais um par de revisões quando já estava online.

  • 6ª à noite, sábado e domingo seriam dias de promoção do artigo e de consulta de feedback.

Os resultados

O primeiro artigo, “Quando Ser Fã Não Chega” foi publicado a 11 de Outubro de 2013 e recebeu na verdade a maior dose de comentários (92), visto que a maior parte da comunidade já sabia quem eu era e me quis dar as boas-vindas/lançar de imediato algumas questões.

33 artigos e 70 mil palavras depois (o suficiente para um livro), a 13 de Junho de 2014 este espaço conhecia o seu último post.

Realisticamente, uma vitória para mim seria inspirar (e educar) alguém o suficiente para seguir em frente com o seu sonho e fazer uma carreira, grande ou pequena, no fascinante mundo do Wrestling.

Mas considerando os objectivos acima referidos (e sendo este um blog de Marketing) seria interessante partilhar alguns números e lições desta aventura de 9 meses.

Nota: este artigo foi redigido na mesma semana em que o último post foi para o ar, pelo que apresentarei aqui dados sem considerar o impacto do último artigo.

Impacto no WrestlingPortugal

Entre Outubro de 2013 e Junho de 2014, 15.10% do tráfego do www.wrestlingportugal.com era oriundo do Wrestling.PT. Destes 15%, quase metade tinha chegado a este site por ter clicado num link que figurava nos meus artigos.

O WrestlingPortugal está obviamente muito bem colocado no Google, pelo que a maior parte dos leitores já conhecia a academia. Ainda assim, os artigos contribuíram com 515 clicks de pessoas com real interesse em treinar Wrestling – afinal de contas, os artigos eram claramente de nicho, sendo apenas interessante para uma percentagem reduzida de leitores do Wrestling.PT. O volume de e-mails de pessoas interessadas em experimentar/treinar também cresceu e foram vários os que apareceram para experimentar.

Para além deste impacto no exterior, os alunos da academia passaram a ser incentivados pelos actuais professores a ler os artigos, como se de um trabalho de casa se tratasse. No futuro, estes artigos poderão ser uma mais valia para a própria página de treinos de wrestling do WP.

No entanto, os ganhos foram bem para além do tráfego: muitos leitores demonstraram maior interesse sobre o que é feito na academia e passaram a encarar com outros olhos aquilo que é feito em Portugal – outro grande objectivo desta acção.

Impacto no Wrestling.PT

O Wrestling.PT beneficiou desta iniciativa, tanto a nível de tráfego como de diversidade de conteúdos, algo que foi frequentemente realçado pela comunidade.

A nível de visitas, estes foram os números que cada artigo obteu:

As views dos artigos no Wrestling.PT

Aqui, é fácil verificar quais os posts mais populares. O primeiro de todos e o último de Março de 2014.

O sucesso do primeiro de todos atribuo ao factor “novidade” e ao facto de ter sido com alguma surpresa que vários leitores encontraram um artigo redigido por mim (visto que não houve qualquer anúncio prévio) no Wrestling.PT. Este foi também o artigo mais comentado de toda a iniciativa, que também justificou a subida nas pageviews.

O outro artigo popular tinha um título realmente apelativo – “Como chegar à WWE em 6 passos” e este tipo de headlines resulta bem com qualquer conteúdo.

A nível de tráfego, os artigos proporcionaram mais de 15 mil pageviews para o Wrestling.PT, com uma média de tempo passado em cada página superior a 4 minutos.

Para esta secção, faria sentido pedir o testemunho ao administrador do site, Luís Salvador, portanto cá está ele!

Ter o Bruno “Bammer” Brito a escrever no Wrestling.PT foi um enorme prazer! Vieste trazer ao projecto algo que até então não existia: artigos na óptica de um lutador, de quem já pisou um ringue por diversas vezes, de um campeão, de quem tem muita coisa para ensinar.

É divertido falarmos e comentarmos sobre o que vai acontecendo nos grandes shows semanais, mas tu falaste sobre como tudo isso acontece e como os lutadores se esforçam e lutam para chegar lá. Não é fácil…. Há muita coisa que quem deseja ser lutador tem que aprender primeiro e tu foste exímio em todos os teus artigos. Foram 9 meses de excelente conteúdo, que continuarão obviamente no futuro a ser divulgados e partilhados.

Quero-te agradecer o grande esforço e dedicação que demonstraste a cada semana e desejar-te o maior sucesso com este teu projecto pessoal! 😉

Impacto a nível pessoal

Talvez menos mensurável, mas igualmente valioso, foi o impacto desta iniciativa na minha marca pessoal. Para além dos vários seguidores que angariei no Twitter e no Facebook (só no Facebook, o Wrestling.PT foi responsável por 202 visitas à minha página), aquilo que valorizei realmente foi o número de pessoas que me enviaram uma mensagem ou um tweet a agradecer a iniciativa e que espalharam o conteúdo junto à sua rede de contactos.

Pelo caminho, fiz também alguns amigos, o que só demonstra que este tipo de projectos pode ser um belo ponto de partida para outros tantos.

A comunidade

A cada artigo, era visível o maior investimento da comunidade face ao projecto. O número de partilhas aumentava, bem como o número de mensagens pessoais.

A comunidade deu sempre a sua opinião, em grande parte de forma positiva e construtiva, algo que é longe de garantido quando falamos de fãs de Wrestling. Isto só prova, no entanto, que quando os conteúdos têm qualidade e não questionam a inteligência do leitor, o feedback é positivo.

Fiz sempre questão de agradecer qualquer comentário (nem que fosse com um simples obrigado por leres) e dei o meu melhor para esclarecer qualquer dúvida.

Prestei particular atenção às maiores dificuldades que os leitores sentiam, o que me levou não só a redigir um artigo dedicado a um utilizador em particular (“Tudo sobre Truques, Golpes e Manobras”), como podemos constatar em baixo, como a expandir um tema em 2 artigos, o “Treino de Promos”.

Feedback de um leitor originou um novo artigo
Muitos bloggers descuram o follow-up com os seus leitores quando é tempo de ler e responder aos comentários, mas para mim sempre foi uma das principais preocupações quando se cria um projecto deste género.

O balanço final

Esta iniciativa não só cumpriu os objectivos como se revelou mais divertida do que já se esperava (e antes de começar já a encarava com muitos bons olhos).

Foi com pena que publiquei o último artigo e apesar de poder publicar muitos outros, uma de 2 coisas poderia acontecer:

  • a qualidade dos mesmos poderia decrescer;
  • uma das principais mensagens – “parte à acção – acabaria por se perder se este espaço permanecesse em aberto de forma interminável.

Assim, saio com a sensação de dever cumprido, ciente de que muitos leitores estão agora mais esclarecidos sobre o que é e onde podem treinar Wrestling. O futuro está agora totalmente entregue aos mais audazes, aqueles que perseguirem o seu sonho!

Testemunhos Wrestling.PT

A próxima paragem

Depois deste projecto, outras iniciativas do género poderão surgir – uma delas já foi na verdade testada, sob a forma de Hangouts.

Mas a grande novidade é que estes artigos serão convertidos num livro, que será distribuído digitalmente.

Todos os posts serão revisitados, editados e melhorados – tornando-se este o ponto de partida para um projecto ainda maior. O livro será acompanhado de vídeos e contará com mais convidados e mais conteúdo sobre cada tópico.

Como se tal não bastasse, será escrito juntamente com o meu amigo Afonso Malheiro, que não só sabe 1 ou 2 coisas sobre escrita, como teve um papel fundamental na escrita dos espectáculos do WrestlingPortugal – dando uma perspectiva única (e tremendamente valiosa) para o lutador e a sua relação com a equipa criativa.

O livro é a próxima paragem

O livro não tem ainda título, preços ou prazos anunciados, mas deverá surgir em 2015. E quando esse projecto acabar, claro que todas as aprendizagens também serão partilhadas aqui!

Logotipo Buffer

Conteúdo é Rei – o caso Buffer

Conteúdo é Rei – o caso Buffer 620 350 Bruno Brito
O Caso Buffer

Esta semana decidi abordar aquele que é para mim um dos melhores exemplos de Marketing de Conteúdos da actualidade: o Buffer.

O que é o Buffer?

O Buffer é uma (fantástica) aplicação para gerir redes sociais. A app permite partilhar posts em contas Facebook/Twitter/Google+/LinkedIn, tornando-se tremendamente útil para qualquer pessoa habituada a gerir diariamente várias redes sociais.

Mas o seu impacto vai para além da aplicação, que conta já com mais de 1 milhão de utilizadores. O projecto é uma autêntica inspiração para start-ups, pela cultura distinta da empresa e para bloggers, pela constante qualidade que apresenta em cada blog post.

Mas já lá vamos. Comecemos por aprofundar o produto.

Logotipo Buffer

Apresentando a Buffer app

O Buffer surgiu na mente do seu actual CEO, Joel Gascoigne, quando este ainda estava no seu quarto no Reino Unido. Joel gostava de partilhar artigos e frases inspiradoras no seu Twitter e queria fazê-lo com maior frequência, mas para tal necessitaria de agendar os tweets.

Na altura, as aplicações permitiam esse agendamento, mas era necessário inserir a data e hora da publicação – não era possível escolher simplesmente a opção “publica 5 vezes por dia”, que era o desejo de Joel.

Joel encontrou aqui uma lacuna do mercado.

Na altura já envolvido em start-ups (e fascinado pela abordagem de Eric Ries, conhecido pelo seu livro The Lean Startup), decidiu também ele próprio arrancar com um produto o mais básico possível, para validar a sua ideia.

Em baixo podemos ver a primeira landing page do Buffer.

Buffer - Como tudo começou

Em 2010, nasce assim o Buffer. Passados 4 anos, a aplicação cresceu e apresenta agora mais funcionalidades do que ao início.

As várias versões da aplicação

O Buffer apresenta-se sob 3 formas:

Aqui, a diferença recai sobretudo no número de contas permitidas, número de colaboradores que as podem gerir e conteúdos em fila. A versão gratuita permite gerir 3 contas, tornando-se a escolha óbvia para conhecer o produto e gerir as principais redes pessoais, como o perfil do Facebook, do Twitter e do LinkedIn.

Este é o meu dashboard, visto pertencer ao Awesome plan.

O meu dashboard do Buffer

Independentemente do plano, há funcionalidades comuns entre todos. Estas são as mais importantes:

  • escolher o horário de publicação de cada conteúdo;
  • ver o reach, número de clicks, comentários e likes de cada conteúdo partilhado;
  • publicar um conteúdo no momento, adicioná-lo à fila para a próxima vaga ou numa hora específica.

E a integração.

O Buffer está integrado em aplicações de leitura como as já mencionadas Feedly, Pocket e Reeder e extensão para Chrome. Tem ainda integrações com dezenas de outros serviços e encontra-se disponível para Android e iOS, tornando-se uma solução muito completa para qualquer fã de Social Media.

Apesar de ser a minha ferramenta de eleição de Social Media, o Buffer não é substancialmente diferente de tantas outras. Surge a questão:

O que tornou o Buffer tão popular no mundo online?

Resposta curta: os conteúdos.

Não 1 mas 2 blogs

Para o Buffer, comunicar é tão importante que é dos poucos projectos que conta não com 1, mas com 2 blogs. O Buffer Blog, dirigido aos profissionais de Marketing Online e o Open, onde levantam o véu sobre o que acontece internamente na empresa.

O Buffer Blog

Se considerarmos apenas Abril deste ano, os números deste blog são impressionantes: mais de 700.000 visitas únicas, ultrapassando 1 milhão de pageviews.

Aqui fala-se essencialmente de boas práticas de Social Media, mas não é raro encontrar dicas para conceber melhores conteúdos ou produzir mais.

Cada post é tremendamente bem redigido, sendo frequente gravar no Pocket para ler mais tarde. Nem sempre são leituras curtas (como é o caso deste artigo) mas é raro surgir um post que não seja relevante para o profissional de Marketing.

Alguns dos mais recentes artigos do Buffer blog

A maior parte dos artigos acumula num curto espaço de tempo centenas de partilhas e como a maior parte deles menciona o Buffer de algum modo, é natural que esta seja uma excelente forma (não-invasiva) de dar a conhecer o produto.

Alguns artigos que merecem sem dúvida uma vista de olhos:

O Blog é frequentemente actualizado – só em Abril, 20 artigos foram publicados, o que só reforça a importância desta plataforma na estratégia do Buffer.

O Open Blog

Menos importante na estratégia de angariação de novos clientes (mas sem dúvida muito benvindo) é o Open Blog, o local onde podemos saber um pouco mais sobre as 23 pessoas que trabalham no projecto, distribuídas um pouco por todo o mundo.

A equipa do Buffer espalhada pelo mundo

Para além de ficarmos a conhecer os colaboradores, podemos saber o que procuram em cada membro da organização (e entrar no seu popular Bootcamp de 45 dias), o que andam a ler e os valores da empresa, que podemos descortinar em baixo.

Buffer’s 6 Values, Version 2.0 from Buffer

Destes valores, destaco um: o da Transparência.

A importância da Transparência

“Default to Transparency” – é assim que o Buffer vive diariamente. Este será possivelmente o ponto mais polémico (e corajoso) do projecto – tudo é divulgado abertamente e sem rodeios.

Quando falham, informam-nos. Quantos utilizadores têm? Está aqui. Quanto é que cada um ganha? É só consultar os salários. Como é que a empresa está financeiramente? Não só temos acesso aos relatórios mensais (como este) como mais recentemente o Buffer aderiu ao Baremetrics para comunicar os resultados em tempo real.

Buffer no Baremetrics

Ao agir desta forma, uma coisa é certa: o mundo pode acompanhar os sucessos e falhanços deste projecto, sentindo-se ao mesmo tempo mais envolvido com a marca.

A posição de Content Crafter

Para além de uma Head of Content Marketing, a empresa contratou recentemente um novo membro para redigir conteúdos, de nome Kevan Lee. Kevan é o successor de Belle Beth Cooper, que recentemente abandonou esta posição no Buffer.

Poucas pequenas empresas se dariam ao luxo de recrutar alguém para se focar apenas nos conteúdos, mas o Buffer é sem dúvida uma delas. Neste link podemos ver o que procuram num profissional do género.

Buffer e as redes sociais

Seria estranho falar de uma aplicação de Social Media se a própria não marcasse presença (e desse o exemplo) nas principais redes.

Facebook e Google+

O Buffer no Facebook e no Google+ não diferem substancialmente.

Fazem questões e utilizam as plataformas sobretudo para enviar tráfego para os seus 2 blogs e para lançar questões para os seus fãs (e utilizadores).

Buffer no Facebook

No caso do Facebook, de destacar o número de reviews de 5 estrelas que os seus utilizadores dão à aplicação, que reflecte o gosto que a comunidade tem por esta app.

Os posts são curtos (como eles próprios aconselham) e as imagens são sempre partilhadas na dimensão certa, que mostra atenção ao detalhe, algo que seria de esperar de uma marca que actua neste negócio.

Twitter

É nesta rede que o Buffer brilha. Com consideravelmente mais seguidores do que no Facebook, é aqui que a maior parte do engagement ocorre, sendo frequente a resposta aos utilizadores, seja agradecendo o feedback seja esclarecendo dúvidas.

Buffer no Twitter

Dificilmente um tweet fica sem resposta, o que só mostra a preocupação desta marca em interagir com a comunidade.

A partilha de conteúdos nesta plataforma é também pensada de forma diferente. Como a maior parte do conteúdo do Buffer blog é intemporal (ou, como eles diriam, Evergreen) o conteúdo é partilhado com frequência, seja ele o último post ou um artigo redigido há 2 anos atrás.

Webinars

No passado dia 30 de Abril, a marca realizou o seu primeiro Webinar, dedicado ao Twitter (e com a ajuda de responsáveis da própria empresa). A iniciativa foi um sucesso e há 3 dias atrás aconteceu o segundo – inteiramente dedicado às funcionalidade do Buffer.

Este será certamente um canal a ser explorado nos próximos tempos pelo Buffer, mostrando o seu sentido de responsabilidade em ensinar as boas práticas de Social Media ao comum dos mortais.

O resultado do primeiro Webinar está em baixo.

O Serviço ao Cliente

Numa empresa tão transparente e tão comunicativa, é inevitável admitir que se trata de uma marca totalmente orientada para o cliente. Seja através de e-mail, tweet ou comentário numa rede social ou blog, a equipa do Buffer está lá, a ouvir, procurando sempre mais feedback.

O Buffer tem vários postos dedicados a este departamento. De Happiness Heroes a Community Champions, todos têm a mesma missão: satisfazer o utilizador. E a verdade é que a julgar pelo que testemunho diariamente no Twitter, poucos são aqueles com razão de queixa.

Conclusão

Podem-se retirar muitas lições desta pequena (grande) empresa. Uma marca claramente orientada para o serviço ao cliente e para os conteúdos, onde o sucesso do produto acaba por ser uma simples consequência do seu contributo para a comunidade.

A questão da trasparência, apesar de polémica para alguns, tem inspirado jovens start-ups e não será surpreendente se daqui a 10 anos tivermos mais conhecimento para além dos bastidores sobre as empresas a quem damos o nosso dinheiro mensalmente.

John Lee Dumas

Conteúdo é Rei – o caso John Lee Dumas

Conteúdo é Rei – o caso John Lee Dumas 620 350 Bruno Brito

O caso John Lee Dumas

Para muitos, 2014 é o ano do podcasting. Esta forma de apresentar conteúdos tem registado um crescimento enorme nos últimos anos mas parece que nos últimos meses em particular, toda a gente minimamente influente no seu nicho está a começar o seu próprio podcast.

A febre dos podcasts (uma junção de iPod com broadcasting) passou-me totalmente ao lado até meados de 2013 – a falta de acompanhamento visual preocupava-me. No entanto, é actualmente uma das minhas formas preferidas de consumir conteúdo.

Um dos grandes responsáveis por essa mudança – e indiscutivelmente o Rei dos Podcasts dos dias de hoje – é o senhor John Lee Dumas.

Quem é John Lee Dumas?

Até há bem pouco tempo, John Lee Dumas era um completo desconhecido no mundo online. O percurso deste americano, natural do estado de Maine, é feito essencialmente de experiências e de fracassos, como o próprio admite.

John Lee Dumas

Actualmente na casa dos 30, John Lee Dumas passou uma boa parte da sua vida a conhecer-se e a descobrir o que o inspira. Depois da universidade, que terminou aos 22 anos de idade, seguiu para o exército, onde passou 13 meses no Iraque.

Esteve em actividade durante 4 anos e terminado ese compromisso, John Lee Dumas passou para a reserva – expandindo os seus horizontes mais um pouco, ao deslocar-se para a Guatemala durante 4 meses.

Após o seu regresso, decidiu seguir o percurso do seu pai e inscreveu-se no curso de Direito – sol de pouca dura, visto que desistiu assim que o 1º semestre terminou, apesar das boas notas.

John Lee não tem qualquer vergonha em desistir, porque como refere:

“It takes a lot of courage to quit”.

Devido ao seu gosto pelos números, a experiência seguinte de John Lee passou pelas Finanças, onde arranjou rapidamente um emprego onde fazia 6 dígitos por ano. A inspiração no trabalho era 0, mas tal não preocupava John – estava conformado com a ideia.

Esta poderia ter sido a sua grande carreira, mas o seu chefe decidiu incentivar a sua equipa, anunciando que quem não estivesse inspirado que saísse. Apesar de não ser essa a intenção do seu superior, tal deixou John a pensar e, surpreendendo tudo e todos, a sua saída não se fez esperar. Aos 29 passou para vendas numa start-up, onde ficou meio ano.

Durante todo este processo, John Lee Dumas esteve um pouco por todo o lado, passando por grandes cidades como Boston ou Nova Iorque. Mas, ao chegar aos 30, decidiu arrancar para San Diego.

Assim que chegou, aliciado pelas elevadas comissões das imobiliárias, deu uma hipótese ao mundo dos imóveis. Durante esse período, devido à quantidade de tempo passado no carro, nos transportes públicos e no ginásio, John Lee Dumas virou-se para os podcasts para passar o tempo. Só havia um problema: não havia conteúdo suficiente para o satisfazer.

A maior parte dos podcasts que John Lee Dumas seguia tinham episódios novos de 2 em 2 semanas ou até de mês a mês. Rapidamente ficava sem algo para ouvir – e frequentemente pensava que seria capaz, ele próprio, de criar este tipo de conteúdo, por vezes até melhor que os restantes.

Aos 32 anos, já de regresso a Maine, John Lee Dumas percebeu o que queria fazer – descobriu, como ele diria, o seu “AHA” moment. Encontrou dentro de si o espírito empreendedor e seria ele próprio a mudança que queria ver no mundo: para colmatar a ausência de conteúdo, lançaria um podcast diário, intitulado Entrepreneur On Fire.

O que é o “Entrepreneur On Fire”?

A ideia era, na altura, encarada como uma absoluta loucura. Um podcast sobre empreendedorismo 7 dias por semana, 365 dias por ano. Todos os dias haveria um novo episódio – até no dia de Natal.

John Lee Dumas aconselhou-se junto a muita gente antes de começar esta jornada. Recebeu muitos conselhos e, no que toca à frequência, a opinião era unânime:

“Ninguém é capaz. Não vais conseguir. 1 podcast por dia é impossível. E ninguém o vai ouvir.”

Na verdade, 90% dos podcasts não passam do episódio 7. Mas John Lee Dumas decidiu fechar os olhos e seguiu em frente. E procurou uma mentora.

Também natural de Maine e também ela reconhecida pelos seus podcasts (Eventual Millionaire), Jaime Tardy motivou, ensinou e inspirou Dumas a avançar com o seu projecto.

Dumas foi a a uma conferência em Nova Iorque (Blogworld), onde a sua mentora seria oradora e rapidamente criou laços tremendamente valiosos, com pessoas que acabariam por ser os seus primeiros convidados para o podcast.

Naquele que John Lee descreve como o seu “Summer of Fire”, entre Junho e Agosto de 2012 Dumas aprendeu tudo o que havia a aprender sobre a arte do podcasting e produziu 40 episódios, que serviriam como arranque para esta aventura.

Quase 2 anos depois, o Entrepreneur On Fire é um dos mais populares podcasts do universo (distinguindo como Best of iTunes 2013), tendo já entrevistado celebridades do mundo do empreendedorismo e gestão como Seth Godin, Tim Ferriss ou Gary Vaynerchuk e contando com presenças nas revistas Inc. e Time.

Rei dos Podcasts… e dos automatismos

Para produzir um podcast por dia, John Lee sabia que teria de adquirir enormes automatismos. Mesmo com 40 episódios em carteira, rapidamente ficaria sem conteúdo se não conseguisse descobrir formas de produzir depressa e bem.

Logotipo Entrepreneur on Fire

O podcast em si é um exemplo disso, passando cada episódio por estes 5 segmentos:

  1. Sucess Quote: uma frase de sucesso sugerida pelo convidado, com o intuito de inspirar o ouvinte e marcar o ritmo para os próximos 30 minutos;
  2. Business Failure: o relato de alguns dos insucessos do convidado, típicos do empreendedorismo;
  3. Entrepreneurial AHA Moment: o momento em que tudo fez sentido para o convidado e que o fez ir em frente;
  4. Current Business: o estado do negócio actualmente;
  5. Lightning Round: perguntas de resposta rápida, incluindo a famosa “estás numa ilha com apenas $500, o que farias?”

Apesar da fórmula relativamente rígida, o conteúdo é sempre valioso e este percurso ajuda até o ouvinte a saber em que fase do podcast se encontra. Para além disso, John Lee é flexível o suficiente para conduzir a conversa sem parecer que está apenas a seguir um guião.

Mas os automatismos vão muito para além disto. Desde o e-mail inicial a convidar o empreendedor, passando pelas instruções dadas ao convidado antes da gravação ou pelo follow-up para posterior partilha do produto final, tudo foi pensado ao pormenor, como se de uma máquina se tratasse.

Só assim John Lee Dumas consegue cumprir a loucura que faz todas as segundas-feiras da semana: gravar 8 entrevistas num só dia.

Os restantes dias da semana não são passados na praia – John Lee Dumas é alguém que trabalha 70 a 80 horas por semana. Os restantes dias são passados a editar os episódios, a promovê-los, a pesquisar por novos convidados e a operar as restantes partes do negócio – porque actualmente, o EOFire é muito mais do que apenas 30 minutos de audio.

Muito mais do que um podcast

Quando começou, John Lee tinha algum dinheiro posto de parte e deu a esta experiência 18 meses para dar certo – na verdade, os resultados do seu trabalho chegaram bem mais cedo.

John Lee Dumas esperou até ter 6 meses e bastantes milhares de downloads acumulados para abordar patrocionadores. Os patrocínios são essenciais para a subsistência do podcast mas John Lee quis garantir que tinha uma comunidade sólida e os parceiros certos antes de avançar para a monetização. Em cada episódio podemos ouvir 2 marcas patrocinadores em 2 instantes diferentes do podcast.

Actualmente, à semelhança de um dos seus heróis Pat Flynn, John partilha as receitas mensais com a sua comunidade (intitulada Fire Nation), onde descreve com total transparência a origem de cada dólar.

Os valores deste projecto não são (nada) tímidos: só este ano, John Lee Dumas já arrecadou mais de 460 mil dólares líquidos. A este ritmo, tudo indica que ultrapassará 1 milhão de dólares só em 2014.

Para além dos patrocínios, existem outras formas de receita. John Lee Dumas é também ele um mentor, tem um programa de Mastermind (de nome Fire Nation Elite), escreveu um ebook intitulado Podcast Launch e tem vários programas de afiliados.

Mas a maior fatia da receita não vem daqui. No relatório de Março de 2014 podemos verificar que mais de metade do dinheiro vem de outro projecto relacionado: Podcasters’ Paradise.

Podcasters’ Paradise

Quando John Lee Dumas começou, não havia propriamente uma comunidade de podcasters ou bons tutoriais que ensinassem as melhores práticas – esta foi outra lacuna que a voz do EOFire quis resolver, criando este site.

Podcasters' Paradise

Este paraíso não é barato – actualmente, uma licença vitalícia custa $1,197.00 – mas tal compromisso mostra a confiança que a Fire Nation tem no seu líder. O preço ao início era consideravelmente mais baixo mas tem vindo a subir, sem aparente impacto no número de adesões.

Impressionados com o poder do podcasting e com as capacidades do mestre (e convencidos face aos resultados económicos que este alcançou), todos os meses dezenas de pessoas juntam-se a esta comunidade, com mais de 100 vídeos e um fórum bastante dinâmico.

John Lee Dumas e as redes sociais

Sem surpresa, John Lee está nas mais variadas redes, mantendo-se em contacto frequente com a sua Fire Nation.

Facebook

Apesar de John Lee ter uma página pessoal, o destaque vai claro para a página do Entrepreneur On Fire, que já conta com mais de 13 mil fãs. Com mais de 80 ratings e uma média de 4.8, esta página demonstra bem o carinho que a Fire Nation tem pelo trabalho deste senhor.

Entrepreneur On Fire no Facebook

O objectivo desta página é sobretudo canalizar tráfego para os mais recentes episódios disponíveis, mas também podemos contar com algumas frases inspiradoras e fotos exclusivas da sua equipa.

Twitter

Apesar de registar mais seguidores aqui do que no Facebook (mais de 20 mil) e de marcar presença com o seu nome verdadeiro @johnleedumas, o objectivo principal não é diferente: levar a comunidade para outros episódios do EOFire ou para o próximo Webinar do Podcasters’ Paradise.

John Lee Dumas no Twitter

Aqui, o engagement é consideravelmente maior: é frequente ver os retweets e respostas de John Lee, desde agradecimentos a respostas de utilizadores que precisam de ajuda.

Webinars (e o WebinarOnFire)

Todas as semanas John Lee Dumas entrega um Webinar gratuito, na esperança de convencer os mais hesitantes a registarem-se no Podcasters’ Paradise.

Aqui, John Lee pergunta aos presentes quais as maiores preocupações e dúvidas, procurando satisfazê-las o melhor que sabe – dando uma espécie de amostra do que o seu projecto é capaz de oferecer.

Mas não se ficou por aqui: esta plataforma tem convertido tão bem para John que o motivou a começar mais um projecto – WebinarOnFire – onde oferece também aí um Webinar gratuito semanal, explicando como conduzir um Webinar e convertê-lo em vendas.

Este é o produto mais recente de John Lee Dumas e, a julgar pelos restantes, dificilmente desiludirá.

Soundcloud

Tratando-se o EOFire de um podcast, está naturalmente presente na maior parte das plataformas de audio. No seu SoundCloud podemos ouvir os já mais de 500 episódios, à semelhança do que acontece se visitarmos a página do iTunes ou do Stitcher.

Entrepreneur On Fire Soundcloud

O número de seguidores aqui é também bem mais impressionante: mais de 250 mil.

Outros podcasts

Para amplificar a sua mensagem e para ajudar outros podcasters, John Lee Dumas conta com inúmeras aparições noutros podcasts.

Na verdade, John Lee tem tanto gosto em ajudar os seus colegas que todos os sábados faz 8 entrevistas, concedendo 25 minutos a cada entrevistador ou até mais. Um bom exemplo de alguém que não esquece as suas origens e que quer devolver à comunidade aquilo que lhe foi dado quando estava a começar.

Alguns exemplos dessas dezenas de presenças:

Conclusão

O sucesso de Dumas não foi por acaso – foi fruto de muito trabalho, explorando uma lacuna clara que existia no mundo dos conteúdos e adaptando-se constantemente ao que a sua audiência pedia. Num caminho em que o “medo” é uma constante, John Lee Dumas é alguém que inspira e lidera empreendedores.

John Lee Dumas a combater tubarões

O seu programa traz-nos inspiração diária, ao mesmo tempo que nos apresenta agradavelmente um novo empreendedor, um novo negócio, uma nova frase e um novo livro. Os patrocínios não são invasivos e não estragam a experiência do programa.

A Fire Nation continua a apoiar a aventura invulgar deste empreendedor e muitos procuram dar continuidade ao movimento, seguindo também eles próprios os seus sonhos.

Este é um excelente exemplo de como o conteúdo pode inspirar pessoas e como a comunidade pode ser monetizada, quando explorada devidamente por um mestre como John Lee Dumas. E, indubitavelmente, a prova de que o podcasting está aqui, tem muito a oferecer e deve ser encarado com grande seriedade por qualquer profissional de Marketing.

Steve Austin no WrestleMania

Conteúdo é Rei – o caso WWE

Conteúdo é Rei – o caso WWE 620 350 Bruno Brito

O caso WWE

Neste segundo case-study com o objectivo de enaltecer o Marketing de Conteúdos, vou falar de uma marca bem especial para mim: a WWE, ou World Wrestling Entertainment.

O que é a WWE?

A WWE é actualmente a marca #1 de Wrestling à escala global. Quando as pessoas pensam em Wrestling, alguns nomes vêm à cabeça: John Cena, Undertaker, Hulk Hogan, The Rock ou “Stone Cold” Steve Austin. Todos eles partilham algo em comum: ficaram conhecidos essencialmente pelo trabalho desenvolvido na WWE, antiga WWF (World Wrestling Federation).

Cada pessoa tem uma ideia diferente sobre o que é o Wrestling e sobre o seu papel na sociedade, mas se há coisa que aprendi nos últimos 20 anos é que poucas são as pessoas que ficam totalmente indiferentes a este espectáculo.

Naturalmente, a “febre” é muito maior nos EUA, México ou Japão do que na Europa, mas mesmo em Portugal existe uma forte comunidade que diariamente discute todas as últimas notícias e eventos relacionados com Wrestling pelo mundo.

Steve Austin no WrestleMania

O propósito deste artigo não é descortinar até que ponto as lutas são combinadas, “se eles se magoam mesmo” ou porque é que todas as semanas as arenas estão cheias de fãs ruidosos. Aqui, cingir-me-ei a enaltecer a WWE enquanto fenómeno de marketing, mais concretamente no que toca a social media e a conteúdos.

Porque é que devo levar a WWE a sério?

Podemos olhar para o que acontece dentro do ringue de forma suspeita, mas fora dele os números e as façanhas recentes da empresa de Stanford deixam pouca margem para dúvida: esta marca sabe o que faz.

Em 2013, a WWE teve uma receita superior a 500 milhões de dólares. O seu CEO, Vince McMahon, tem a sua fortuna avaliada em 1.2 biliões de dólares, segundo a Forbes. A empresa está cotada em bolsa e para além dos mais de 130 lutadores conta ainda com 762 colaboradores.

A sede da WWE, em Stamford

Vamos conhecer um pouco melhor a marca: o que faz e porque é que o faz bem.

Programação

Considerando apenas a programação americana, todas as semanas a WWE apresenta 6 programas originais – cerca de 9 horas ao todo. A marca produz ainda mais 6 programas para outros mercados.

WWE Raw

O seu programa principal, o WWE Raw, é transmitido em directo todas as 2ª feiras e tem actualmente a duração de 3 horas. O Wrestling não tem off-season, ou seja, ao contrário do futebol ou da maior parte das modalidades, não há paragens durante o ano. Isso significa que podemos contar com um novo episódio semana após semana, 52 semanas por ano.

WWE Raw 1000

O Raw começou em Janeiro de 1993 e já conta com mais de 1080 episódios. O episódio 1.000 foi o programa mais visto da TV por Cabo nesse dia, contando com mais de 6 milhões de espectadores. O programa dura há mais tempo do que qualquer outra série de televisão na América, incluindo “Lassie” ou “Gunsmoke”.

Pay-Per-View

Para além dos programas semanais, a WWE apresenta ainda 12 PPVs mensais – Vince McMahon é, na verdade, considerado por muitos o inventor do Pay-per-view e detém inclusive os direitos do site payperview.com.

Os PPVs da WWE geram mais de 5 milhões de aquisições anualmente. Todos os meses são transmitidos em directo em várias partes do globo e o grande espectáculo anual é o WrestleMania.

O evento, que tradicionalmente ocorre no fim de Março/início de Abril, conta já com 29 edições e é para muitos visto como o Superbowl do Wrestling. No dia 6 de Abril acontecerá a 30ª edição, no Mercedes-Benz Superdome de New Orleans.

Wrestlemania XXX

O preço para visionar o evento varia consoante o espectáculo e o país – o WrestleMania 29, com a duração de 4 horas, teve o preço de $59.99 ($69.99 em HD). O evento estabeleceu o recorde de evento com maior receita da história da WWE, chegando aos 72 milhões de dólares.

WWE enquanto marca digital

A WWE há muito que percebeu que a internet era uma tremenda oportunidade. A marca é vista como uma early adopter em tudo o que toca a novas tendências e, à semelhança do que aconteceu no passado com o PPV, não é tímida em tentar inventar ela própria o caminho.

Tout

Exemplo disso é a Tout, uma plataforma de vídeo em que a WWE investiu 5 milhões para promover o seu crescimento. Nesta rede social, em alguns aspectos similar ao YouTube mas restringida a vídeos de 15 segundos, a WWE promove vídeos com as suas personalidades e a audiência é encorajada a responder, também em vídeo.

A WWE no Tout

Apesar de não ser uma plataforma espantosamente popular (e as menções à mesma nos programas televisivos terem caído a pique nos últimos meses) este é um bom exemplo do espírito visionário da empresa.

WWE App

No verão de 2012 a empresa de Vince McMahon lançou a WWE App, uma aplicação para Android e iOS que em pouco tempo se tornou um êxito, contando agora com mais de 10 milhões de downloads.

A WWE App

Para além da app apresentar alguns conteúdo do site, como vídeos, tweets ou artigos, o grande destaque vai para o second screen. Durante o WWE Raw, os fãs da marca podem acompanhar a acção durante os intervalos ou mesmo durante a transmissão, tendo acesso a alguns conteúdos exclusivos.

Aquilo que a RTP introduziu de forma pioneira em Portugal, o 5i, já a empresa de Stanford tem há quase 2 anos.

Prémios

Esta capacidade de se reinventar garantiu à WWE vários prémios, onde destaco as conquistas nas Mashable Awards; entre outras distinções, a marca foi reconhecida como “Digital Company of the Year” e “Must Follow Brand on Social Media” em 2011.

WWE e as redes sociais

Naturalmente, uma marca reconhecida pelo site Mashable como “a” marca a seguir apresenta uma enorme capacidade de criar conteúdo relevante para qualquer plataforma. Sem surpresa, a WWE marca presença em todas as principais redes.

Twitter

Esta é sem dúvida a rede que a marca mais promove e provavelmente aquela que lhe garante maior engagement. A conta @wwe já leva mais de 4 milhões de seguidores, mas a equipa de Social Media gere mais de 100 contas no total.

Algumas chegam a ser mais populares que a conta institucional, como é o caso da maior estrela da actualidade, @JohnCena, que conta com perto de 6 milhões à data deste artigo.

WWE e John Cena no Twitter

O elenco da WWE tem voz activa no Twitter: árbitros, lutadores e até comentadores tweetam com frequência. Algumas contas são totalmente geridas pelos indivíduos, enquanto outras são mantidas pela equipa dos escritórios de Stanford.

Os lutadores são encorajados a tweetar e sabem perfeitamente como utilizar a plataforma para apimentar as rivalidades, provocar novos adversários ou dar justificações aos seus fãs – hashtags incluídas.

Aqui é importante referir que a promoção de eventos ou de merchandise (como t-shirts ou bonés) é completamente secundária; os lutadores passam muito mais tempo a responder a questões dos fãs e a continuar a narrativa desenvolvida nos programas televisivos com os respectivos colegas de profissão.

Por este motivo, um fã de Wrestling e da WWE acaba por seguir tipicamente mais de uma dezena de contas, mais que não seja para não ficar de fora das conversas que um lutador tem directamente com outro.

Os fãs de Wrestling são incrivelmente vocais e, por esse motivo, mergulham totalmente nesta plataforma durante as transmissões dos espectáculos. É frequente a participação nas hashtags e a WWE está semanalmente trending num PPV ou num Raw.

O episódio 1000 do Raw chegou mesmo a bater recordes históricos para o Twitter, com o regresso de Undertaker a obter 11.000 tweets por minuto.

Sempre que há uma transmissão televisiva em directo e um tópico está trending, a WWE exibe-o no canto do ecrã, partilhando os melhores tweets no rodapé.

YouTube

Sem surpresa, esta é uma plataforma importantíssima para a marca, que conta com perto de 3 milhões de subscritores. A WWE poderia limitar-se a colocar alguns momentos dos programas televisivos, mas vai muito mais além disso.

A WWE no YouTube

No canal do YouTube podemos encontrar programas especificamente desenvolvidos para a plataforma, como The JBL & Cole Show, o WWE Inbox (onde as personagens respondem a algumas questões enviadas pelos fãs), o Behind The Match (onde os lutadores falam sobre determinado combate especial) ou assistir a entrevistas exclusivas onde as storylines são, novamente, continuadas.

Antes dos PPVs, é ainda frequente a divulgação de combates completos de anos anteriores e é possível assistir-se ao Kickoff, o pre-show do PPV que dura tipicamente 30 minutos e serve para promover o espectáculo que começa imediatamente depois, com a oferta de um combate “de amostra”.

Facebook

Se John Cena era popular no Twitter, então na rede principal o número de seguidores é cerca de 3 vezes superior – 20 milhões. Também aqui a conta institucional não chega à popularidade do seu lutador mais conhecido, contando com “apenas” 16.

John Cena no Facebook

O número é impressionante, mas só ganha verdadeira justiça com a seguinte afirmação: neste momento, John Cena é o atleta americano com mais fãs no Facebook, superando atletas como Kobe Bryant, LeBron James ou Roger Federer.

Apesar da marca ser naturalmente relevante nesta plataforma, o investimento na promoção da mesma “on camera” não é comparável aos esforços realizados no Twitter. Ainda assim, todos os lutadores têm contas também aqui, sendo esta plataforma usada frequentemente para divulgar artigos do site, vídeos do YouTube e outros links relevantes (por vezes de carácter mais institucional).

O Website

O site oficial americano é totalmente distinto do site localizado para Portugal, trazido pela SAPO, dando um enorme destaque à vida das estrelas. Toda a principal actividade de um dia pode ser encontrada aqui e o conteúdo surge de todos os ângulos.

O WWE.COM

Neste site, que é verdadeiramente um portal para o universo WWE, as secções transbordam de informação. Aqui vou abordar 3 das mais importantes.

Superstars

A secção dedicada ao plantel é particularmente rica, sendo claro um dos principais motivos de visita de um fã. Aqui, para cada lutador é possível encontrar os últimos artigos relacionados, uma playlist de vídeos, a música de entrada, todo o merchandise e o óbvio follow nas várias redes sociais.

Ao visitar a página do seu lutador preferido, qualquer fã ficará rapidamente actualizado de tudo o que a sua WWE Superstar andou a fazer.

Multimédia

O site tem um vasto conteúdo multimédia; fotos e vídeos (restringidos por localização, ao contrário do YouTube) estão em destaque. Todos os espectáculos têm direito a galeria de fotos e os lutadores realizam photoshoots com frequência, pelo que há sempre conteúdos novos.

Mas não é só de imagens que o site vive. Todos os dias há imenso conteúdo para ler: desde entrevistas, passando por artigos de opinião ou press releases, é difícil um fã ficar sem nada para fazer no site da companhia.

A loja

Seria impossível falar do site sem frisar a enorme loja online que a empresa tem. Com promoções frequentes (e newsletters a comunicá-las), na loja pode-se encontrar tudo o que se deseja de qualquer lutador, adquirir DVDs ou Blu-rays de eventos e claro, comprar bilhetes para os próximos espectáculos ou para o PPV do próximo domingo.

O triunfo do conteúdo

Depois do PPV, do second screen e de muitas outras inovações, a WWE deu recentemente mais um grande passo em frente: a 24 de Fevereiro foi lançada, nos EUA, a WWE Network.

É o momento pelo qual milhares de fãs de Wrestling aguardavam: acesso a toda a enorme, vastíssima, biblioteca que a empresa possui.

A WWE Network

A WWE começou por disponibilizar cerca de 1500 horas de programação, organizada de uma forma semelhante ao Netflix. Semanalmente, novos conteúdos serão adicionados e o fã poderá contar com todos os PPVs, Raws e Smackdowns que alguma vez foram transmitidos.

Como se isso não bastasse, estão já a ser filmados programas exclusivos para a Network, como o WWE Countdown ou o Legend’s House. A programação é incrivelmente aliciante. Tudo por $9.99 por mês, com um período de fidelização de 6 meses.

Este comunicado, que decorreu no Consumer Electronics Show, em Janeiro, tornou-se quase bom demais para ser verdade quando a marca saca o coup de grâce e informa que os PPVs serão transmitidos nesta nova plataforma sem custos adicionais, incluindo o WrestleMania (que, como pudemos ver mais acima, sozinho é mais caro do que 6 meses de WWE Network).

Após esse comunicado, muitos fãs de Wrestling já estavam com a carteira aberta, prontos a pagar. Por agora, apenas os EUA estão contemplados mas a WWE já prometeu disponibilizar o produto para outros países, como Canadá ou Reino Unido, no final de 2014.

Para Portugal ou Brasil ainda não há planos. No entanto, podes aceder à Network já, seguindo estes passos.

Será um sucesso?

A $9.99 por mês, a WWE Network é um produto acessível a todas as carteiras e capaz de seduzir qualquer fã de Wrestling sem esforço. Ao dar este passo à frente, a WWE inova novamente, reinventando o conceito de televisão e passando a depender cada vez menos de terceiros.

O grupo de testes da plataforma está deliciado e se a infraestrutura aguentar a carga de utilizadores (algo que nem sempre acontece no streaming de PPVs) sem dúvida que muitos fãs de Wrestling ficarão radiantes.

Estima-se que na semana de lançamento a WWE angariou qualquer coisa como 300 mil assinaturas (números não oficiais). Também é conhecido o valor certo para o break-even: 1 milhão de membros. O WrestleMania será sem dúvida um evento que incentivará muita gente a subscrever mas poderá não ser suficiente – o tempo o dirá.

Dar e receber

Durante décadas, a WWE produziu conteúdos de forma ímpar. No mercado onde actua não tem neste momento concorrência à altura. Tem um produto único, uma comunidade eufórica e uma (vasta) equipa, dentro e fora do ringue, que dá 200% em todas as frentes.

Qualquer fã de Wrestling já passou horas no sofá ou na arena a assistir ao produto – conhece as personagens e mesmo que não goste do produto actual, com a WWE Network poderá sempre voltar atrás no tempo e rever as grandes glórias do passado.

A WWE Network no dia de lançamento

Os programas principais continuarão a dar na televisão. O YouTube continuará a ter imenso conteúdo e o site continuará a trazer novidades todos os dias – mas tal não impediu a WWE de querer dar mais e, neste caso, não precisou praticamente de pedir algo em troca. Os fãs estavam lá.

A WWE receberá $9.99 por mês de qualquer fã digno desse nome, com satisfação e ansiedade, tal é a qualidade de conteúdo que consistentemente lançou cá para fora, semana após semana. Qualquer fã desejará ter acesso a todo ele na sua televisão ou computador à distância de um clique.

A WWE já foi várias vezes ameaçada e encontrou sempre uma forma de ficar por cima, muitas vezes reinventando a forma de fazer negócio. A Network será, muito provavelmente, mais um brilhante exemplo disso.

Fotografia:

deadmau5

Conteúdo é Rei – o caso deadmau5

Conteúdo é Rei – o caso deadmau5 620 350 Bruno Brito

O caso deadmau5

Neste primeiro case-study dedicado a bons exemplos de Marketing de Conteúdos, vou abordar um dos maiores fenómenos da música electrónica nos últimos 10 anos: deadmau5.

Quem é deadmau5?

Joel Zimmerman é canadiano e podemos considerá-lo um artista de música electrónica. Um DJ? Não. Um DJ toca discos e não é isso que Joel faz- aliás, este fica rapidamente ofendido quando é (erradamente) associado a um disc jockey. O natural de Toronto é um produtor: não se limita a tocar discos, escreve e produz as suas próprias músicas.

Joel Zimmerman (deadmau5)

Se depois de ouvir a palavra “DJ” Joel ainda estiver na sala de imprensa, há 2 coisas que o jornalista deve pensar:
1- na sorte que teve em ainda ter o entrevistado consigo;
2- em não pronunciar deadmau5 como se fosse “dead mau five” na pergunta seguinte.

Porque é que eu sei isto? Simples.

Porque Joel Zimmerman é um excelente storyteller. Porque Joel Zimmerman é Joel Zimmerman – não é uma personagem, é ele próprio, a 100%, 24/7. E são esses 100% que ele transmite na sua música, dia após dia.

Mas não é só com beats que deadmau5 comunica; vamos conhecer um pouco melhor este senhor.

deadmau5, o contador de histórias

A alcunha deadmau5 (ou “dead mouse”) surgiu no dia em que Joel encontrou um rato morto dentro do seu computador. Estava numa chat room e decidiu mudar o seu nome para deadmouse, mas devido ao número de caracteres, não conseguiu. deadmau5 foi a alternativa que encontrou e o nome acabou por ficar.

O produtor canadiano dificilmente estaria agora em palco com uma cabeça de rato sem este acontecimento. Esta cabeça contribuiu em boa parte para a sua imagem de marca, simbolizando algo bem mais forte do que um aparente tributo a Daft Punk.

deadmau5

Esta é apenas uma das várias histórias que um fã sabe de cor e salteado sobre Joel Zimmerman.

Joel nunca fez questão de proteger a sua vida pessoal, partilhando sempre qualquer pensamento com o mundo. Naturalmente, a sinceridade nem sempre lhe trouxe bons resultados, como quando atacou Paris Hilton, David Guetta ou surpreendeu o seu amigo Skrillex ao aparecer nos Grammys com uma t-shirt com o número de telefone do produtor de dubstep. No entanto, esta amplificação de personalidade fez com que os fãs se identificassem ainda mais com o artista canadiano.

Joel não partilha apenas os momentos divertidos ou positivos da sua carreira: os fãs foram os primeiros a saber da sua condição depois de ter desmaiado em pleno palco a meio de uma tour e acompanharam as suas relações amorosas de perto, fosse os altos e baixos com a modelo Lindsey Gayle ou com a popular artista de tatuagens Kat Von D.

E como poderíamos falar da vida de deadmau5 sem mencionar o seu gato, Meowingtons? O gato é o seu grande companheiro, como poderemos verificar mais à frente.

Poucas celebridades criam esta relação de proximidade para com os fãs. Muitos sentem que conhecem Joel como se de um amigo se tratasse. Toda esta exposição e vulnerabilidade fez com que os seguidores de deadmau5 se interessassem cada vez mais pelo artista e lhe dedicassem maior tempo de antena em detrimento de outros.

Para comunicar com os fãs, Joel utiliza os mesmos canais de milhares de outros artistas: as redes sociais. No entanto, e ao contrário de 95% dos restantes performers, Joel sabe perfeitamente o que está a fazer.

deadmau5 e as redes sociais

A polémica é uma nota de rodapé na vida de deadmau5. Este produtor vive essencialmente da música que faz, do seu merchandise e claro, dos espectáculos pelo mundo fora. E deadmau5 sabe que o segredo do seu sucesso reside, em boa parte, na sua comunidade- a horde, como ele lhe chama.

[A *horde* de Deadmau5, aqui bem feliz

A equipa de Joel também tem controlo sobre as suas plataformas sociais, mas quem as gere é sobretudo ele. Aqui, vou falar das mais importantes.

Soundcloud

A primeira plataforma digna de menção é claro a alemã Soundcloud. Na rede social dedicada à música (e ao audio em geral), o canadiano conta com quase 500 mil seguidores.

E engane-se quem achar que a conta está em soundcloud.com/deadmau5. Não, Joel não respeita a regra sagrada de ter o mesmo handle em todas as plataformas. Aqui, podemos encontrá-lo com a handle de fuckmylife.

FML é uma das várias provas de que deadmau5 conhece (e faz parte) da geração da internet, que é simultaneamente uma boa parte da horde. Mas algo mudou recentemente…

deadmau5 no Soundcloud

Se a visitarmos hoje, não encontramos qualquer clip sonoro. Tal não era o caso em 2013, quando deadmau5 colocava com frequência demos de músicas, versões alternativas dos seus êxitos, covers de outras músicas ou de temas de videojogos e todo o tipo de sons que lhe apetecesse. Qualquer post recebia, numa questão de segundos, centenas de comentários.

A razão para a conta estar agora vazia? Vamos saber mais à frente.

Twitter

Possivelmente, a plataforma preferida do produtor. Aqui, deadmau5 conta com quase 18 mil tweets e mais de 2.5 milhões de seguidores.

18 mil tweets? Como atingiu deadmau5 esse número? Interagindo com os fãs (e com os haters). Respondendo a questões. Dizendo o que lhe vai na alma. Fazendo RT de pensamentos que concorda.

E falando com o seu gato. Sim, Meowingtons também tem a sua própria conta no Twitter. Agora bem menos activa, conta ainda assim com mais de 34 mil seguidores e contém alguns dos textos mais divertidos que Joel publicou em qualquer plataforma da internet.

deadmau5 e as suas contas Twitter

O que tem tudo isto de especial?

Simples. Joel não é o habitual artista que aparece no Twitter quando tem um álbum novo para promover, quando a editora acha relevante divulgar uma nova tour ou para fazer uma questão de estudo de mercado. Joel passa genuinamente horas no Twitter a responder a fãs e a estabelecer uma relação personalizada com a horde.

No dia 12 de Novembro, o universo do Twitter tremeu quando deadmau5 anunciou que estava de saída da rede. Chegou até a apagar todos os seus tweets.

Alegadamente, deadmau5 estava cansado da falta de controlo que tinha na plataforma e devido à energia (e tempo) que dispendia, tinha optado por entregar a plataforma à sua agência. No entanto, provavelmente por dependência, tal acabou por ser sol de pouca dura e o seu regresso não se fez esperar.

Tumblr

Para além da música, deadmau5 é bastante talentoso na escrita. Como já foi exposto neste artigo, deadmau5 não é alguém que goste propriamente de guardar os pensamentos para si. No seu tumblr, intitulado “united we fail” é frequente encontrarmos fotografias da sua casa, do seu enorme estúdio, de Meowingtons e… todo o tipo de ideias que lhe surgem.

deadmau5 no Tumblr

deadmau5 utiliza este canal sobretudo para comunicar ideias mais elaboradas, que não cabem em 140 caracteres. Um exemplo disso? O seu artigo “We all hit play” em que explica um dos aspectos mais controversos da actualidade entre os DJs e produtores de EDM (Electronic Dance Music). Num artigo polémico, o produtor explicou porque é que os artistas não estão em condições de arriscar e porque não é de esperar mais improviso na hora das actuações ao vivo.

Ele pensa, publica e a horde faz o resto- espalhando a mensagem por todo o Tumblr numa questão de minutos.

Facebook

A rede social mais popular do momento é, naturalmente, a plataforma onde deadmau5 conta com mais seguidores – mais de 8 milhões à data deste artigo.

deadmau5 no Facebook

Sendo esta uma plataforma mais mainstream, é natural que seja “um best of” do que acontece nas outras plataformas. Todos os principais momentos, sejam eles pensamentos, fotografias, músicas ou vídeos passam por aqui, mas este é discutivelmente o canal menos personalizado do “rato”.

Tal decisão faz sentido visto que os fãs mais hardcore de deadmau5 sabem perfeitamente onde o encontrar; este é um canal para o “resto do mundo” saber o que ele está a preparar.

Ustream

Foi graças a deadmau5 que eu conheci o Ustream– como eu, provavelmente muitos outros. As sessões de deadmau5 são bastante populares e raramente têm um tema específico.

O conceito é simples: o artista tem tempo para queimar e decide dedicá-lo à sua comunidade- deadmau5 liga-se a partir de qualquer lado (geralmente do seu estúdio ou da sua sala de estar) e responde em voz alta ao que surge na sua feed do Twitter.

Muitas vezes, tal é só o início, acabando por ficar a tocar algo no piano ou no seu computador e a falar com o seu gato, ou com quem estiver em sua casa, à frente de todos.

deadmau5 no ustream

Os membros mais fanáticos da horde adoram estas sessões, porque podem passar umas horas com o seu ídolo e ter acesso a algo mais íntimo e pessoal, independentemente do tópico- garantido maior exclusividade.

Novamente, cá está um exemplo da sua capacidade de partilha- muitos artistas certamente considerariam um risco mostrar a casa, os amigos/parceiro ou os animais de estimação ao mundo, mas é exactamente isso que o “rato” faz (ou fazia, mais respostas à frente) com enorme frequência.

YouTube

Esta é outra plataforma onde deadmau5 tem enorme impacto. Contando com perto de 700.000 subscritores à data deste post, aqui podemos encontrar muito mais do que os habituais videoclips ou imagens capturadas de eventos/festivais em que Joel fez parte.

Canal YouTube deadmau5

Desde viagens de carro com amigos e artistas passando por trabalhos de fãs e acrobacias incríveis de Meowingtons, tudo é passível de ser publicado na principal rede social da Google. Uma abordagem bastante diferente às habituais contas de cariz comercial de outros artistas.

Uma colaboração inesperada

Seguidores, likes e tweets à parte, com tanta entrega deadmau5 ganhou bem mais do que apenas uma relação próxima com a comunidade. Um exemplo? A colaboração com Chris James.

Numa sessão de streaming de 22 horas, uma partilha de material “inacabado” com os fãs trouxe um convidado inesperado para dar voz a The Veldt, uma faixa baseada num conto de Ray Bradbury.

Depois de deadmau5 ter mostrado a sua mais recente criação à horde, esta avisou-o horas depois que alguém tinha dado voz à versão instrumental da música. Chris James, um seguidor do trabalho do canadiano, tinha colocado a sua interpretação no Soundcloud e não foi só a comunidade de Joel que foi apanhada de surpresa.

O seu talento impressionou tanto Zimmerman que numa questão de horas este o contactou, avançando rapidamente com o projecto. Depois de editada, esta faixa revelou-se uma das mais populares nas pistas em 2012, chegando a ser nomeada pela revista Rolling Stone uma das 50 melhores músicas desse ano.

Uma colaboração sem dúvida impossível de acontecer há uns anos atrás.

O triunfo do conteúdo: a sua nova plataforma

Se chegaste até aqui, provavelmente estarás a pensar o que terá conteúdo a ver com um artigo que realça sobretudo as redes sociais.

Sem dúvida que este poderia ser um case study de redes sociais, porque o “rato” domina-as como poucas celebridades. Mas domina porque produziu sempre conteúdo sincero, envolvente, original e nativo à plataforma em questão.

Não o fez para ganhar seguidores, até porque se esse fosse o objectivo provavelmente investiria mais em publicidade e evitaria as declarações potencialmente polémicas. Mas não.

Joel mostrou honestidade, vulnerabilidade e liderança. Fala do que sente, criando com isso uma ligação de amor/ódio com a sua audiência, que até serve de filtro. Quem gosta de deadmau5, gosta mesmo- o contrário também se aplica.

Ao enviar a horde para o Ustream, para o Soundcloud ou para o Tumblr (consoante a mensagem), o artista criou uma ligação única com a sua comunidade. Mas só conseguiu chegar lá devido à qualidade do conteúdo que partilhava.

Enquanto outros artistas escrevem um tweet a relembrar que o novo CD já está disponível ou que os bilhetes para um concerto já podem ser adquiridos, deadmau5 raramente pede algo a alguém- e quando o faz, é normalmente acompanhado de ironia.

Falava em voz alta no Ustream para responder a um fã. Fazia upload no Soundcloud para divulgar o que tinha andado a fazer à comunidade, sem pedir 1 cêntimo em troca. E sempre que a comunidade não sabia o que pensar sobre determinado acontecimento, bastava dirigir-se ao tumblr para encontrar um pouco de informação “vinda dos bastidores” de quem sabe.

Ele deu, deu e deu, nunca pedindo nada em troca. Até que…

A dinâmica da comunidade obrigou Joel a reflectir sobre o seu futuro. O produtor passava cada vez mais tempo nas redes, recebendo muito “barulho” irrelevante de pessoas que não respeitavam o seu trabalho e enfrentado problemas com plataformas que não lhe davam o controlo que desejava. Por estas razões (e devido ao brilhantismo do seu conteúdo), Zimmerman entendeu que a altura de pedir algo tinha chegado.

Foi aí que surgiu a sua nova plataforma.

A nova plataforma para o fã de deadmau5

Numa parceria com a Upfront, deadmau5 criou no final de 2013 a sua própria rede social, plena de conteúdo. A ideia passa por continuar a partilhar tudo o que partilhava nas outras plataformas mas, desta feita, num canal fechado.

Um utilizador terá acesso a:

  • Chat com o próprio deadmau5
  • Fotos e Vídeos, incluindo streams no estúdio
  • Música, incluindo projectos inacabados, covers e faixas nunca lançadas
  • Fórum para debater temas com o artista e outros utilizadores
  • VIP QR codes para eventos privados

Existe conteúdo disponível para todos, mas o conteúdo premium é apenas acessível a quem pagar $4.99 dólares por mês ou $44.99 por ano.

No que toca a conteúdos que entrarão em conflito por já serem distribuidos por uma editora, deadmau5 referiu que as 2 partes “acabarão certamente por chegar a um acordo”.

Dificilmente este produto poderia acontecer sem provas dadas no passado no que diz respeito à entrega de conteúdos relevantes para a comunidade. Apesar das inevitáveis críticas, a decisão de deadmau5 foi no geral bem recebida pela horde, considerando o preço bastante razoável para o que obterão em troca.

Será um sucesso? Marcará o início de uma revolução? O tempo o dirá.

Se mais artistas poderão seguir as pegadas de Joel Zimmerman? Sem dúvida. Mas 90% deles terão de começar a dar muito mais do que dão actualmente, até obterem permissão para pedir.

Fotografia:

O Conteúdo é Rei - Introdução

Conteúdo é Rei – Introdução

Conteúdo é Rei – Introdução 620 350 Bruno Brito

Qualquer aluno ou profissional de Marketing já ouviu dezenas de vezes uma frase. Uma frase que garante um brilharete a quem a enuncia, seja na sala de aula, numa entrevista de trabalho ou junto ao chefe. “Este sabe do que fala”, pensa o receptor.

O Conteúdo é Rei

É realmente verdade. O Conteúdo importa e muito. Mas se é assim tão importante, porque é que tão poucas empresas decidem adoptar esta estratégia? Por trazer resultados? Por ajudar a comunidade? Por elevar uma empresa para um patamar de relevância que outras não pretendem atingir?

Infelizmente, não sei a resposta. Mas, provavelmente, porque dá trabalho.

Dá trabalho a escritores, que agora têm um blog para gerir. Dá trabalho a editores de vídeo, que agora têm um canal YouTube para enriquecer. Dá trabalho às vozes de rádio (ou aspirantes a tal), que agora têm um podcast para criar. E dá trabalho à malta do marketing, que fica com uma enorme quantidade de conteúdo para divulgar.

Até agora, não encontrei pontos negativos nesta reflexão. Estamos a dar emprego? Óptimo. Estamos a criar conteúdos altamente relevantes para o mercado e para a empresa em questão? Excelente. Estamos a ganhar fãs que passam a mensagem por nós, a educar a comunidade e a falar com o mundo de forma totalmente permissiva e pertinente? Fantástico.

Mas custa dinheiro…

Ah, cá está ele. O tal ponto negativo que procurava… “custa dinheiro”. De facto, tal como custa anunciar na TV, na imprensa, na rádio, no Google Adwords, no Facebook ou numa newsletter. Mas a mentalidade aqui é bastante diferente quando é hora de abrir a carteira e pagar ao fornecedor.

Aqui, compramos impressões (o número de vezes que o anúncio vai surgir) e analisamos a CTR (Click-through Rate), como se fosse a grande métrica de ROI (ou retorno sobre o investimento). Poucas são as pessoas que ligam à conversão, que é bem mais relevante e se traduz no dinheiro (vendas) ao final do mês. Muitos pagam sem pestanejar e vão para casa com a sensação de dever cumprido, concluindo que anunciar naquelas plataformas “vale a pena.”

Não sei se vendi mais por isso, mas valeu a pena.

Discurso curioso. Vimos o nosso anúncio no ar e, como nós, milhares de pessoas o viram. Podemos considerá-lo um sucesso? Consideraremos estes cenários…

  • O anúncio surgiu na sidebar do Facebook, enquanto os olhos do utilizador estavam focados bem no centro do ecrã, onde estava a foto da amiga ou o vídeo de um gato.
  • O anúncio antecedeu um vídeo do YouTube, atrasando por alguns segundos a reprodução do conteúdo que o utilizador realmente desejava ver, irritando-o no processo.
  • O anúncio marcou presença na lista de resultados do Google, com um copy totalmente irrelevante para o contexto de pesquisa do utilizador.

Valeu a pena, certo? Não necessariamente. O problema, para mim, assenta em 2 questões: o anúncio era intrusivo e pouco relevante para o utilizador.

Quando os anúncios surgem nos intervalos dos programas de televisão, a solução que muitos espectadores encontram é a de mudar de canal, mesmo se temporariamente. Não querem publicidade. Porquê? Pelos 2 problemas que referi em cima.

Enquanto profissionais de marketing, a Internet deu-nos a capacidade de alterar isso. Polémicas de privacidade à parte, agora conseguimos perceber perfeitamente os hábitos de consumo dos utilizadores, o seu comportamento online e personalizar as nossas campanhas ao ponto de criar aquilo que o utilizador realmente necessita. Os tempos da Internet serem novidade já lá vão, mas nem assim estes 2 problemas estão colmatados.

E é aqui que voltamos à conversa da importância dos Conteúdos.

Publicidade é importante? Sem dúvida. Não estou aqui a escrever o contrário. A questão é que Marketing de Conteúdos também o é e é frequentemente esquecido. O investimento em publicidade pode passar por centenas, milhares ou milhões de euros por ano mas ainda assim há poucas marcas dispostas a criar um plano de conteúdos e a contratar profissionais responsáveis para tal.

Ao contar histórias, uma marca só tem a ganhar: fica mais pessoal, mostra como se identifica com o seu target, maximiza a sua identidade. O dever de uma marca também passa por educar uma comunidade e nada melhor do que apresentar excelentes conteúdos para atingir esse objectivo.

Como diria Gary Vaynerchuk, as marcas têm de começar a dar mais e, de vez em quando, pedir algo em troca.

O lado positivo? A comunidade retribui.

A comunidade devolve o esforço, seja partilhando as histórias, os vídeos ou os artigos, seja querendo fazer parte do projecto. Não se criam consumidores, criam-se fãs e, mais importante ainda, embaixadores. Numa era onde já encaramos qualquer tipo de publicidade com ofensa, apatia e desinteresse, é refrescante ver algumas marcas que conseguem tratar o seu público com o respeito que merece. Em troca, essas pessoas recomendam o seu nome a amigos, partilham o novo vídeo no Facebook ou publicam uma foto com um produto no Instagram.

Sou um enorme consumidor de conteúdos: a minha feed RSS está sempre com algo de interessante por ler, a minha wishlist da Amazon não pára de crescer e no telemóvel os GBs ocupados pelos podcasts não páram de aumentar.

A cada semana, ganho mais confiança nas marcas e autores que sigo e menos atenção (e paciência) fica para quem se quer juntar à festa sem estar convidado. Certamente, muitas outras vidas sentirão o mesmo. Ficamos cada vez mais selectivos, porque o nosso conhecimento, intimidade e identificação perante as marcas aumenta a cada conteúdo consumido.

É por este motivo que vou abrir um espaço (com este nome) em que falo dos bons exemplos. Dos que arriscam e dos que inspiram. Das marcas e personalidades que andam por aí a criar fãs, a ajudar pessoas e a elevar o standard do que o Marketing deve ser.

Porque o Marketing de Conteúdos ainda está ali no canto da sala, inibido e tímido, mas não tem de ser assim. O primeiro caso vem já no próximo post

    Se quiser entrar em contacto comigo, pode enviar-me um e-mail para mail@brunobrito.pt ou preencher o formulário abaixo.

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