Este artigo, originalmente publicado em 2018, foi atualizado a 1 de março de 2022.
Se quiseres criar um site, “Domínio” e “Alojamento” são 2 palavras que rapidamente encontrarás. Dois conceitos populares no mundo dos sites, mas que nem sempre são claros para quem está agora a começar.
Se quiseres criar um site, provavelmente começas por ir ao Google e procuras por algo como “criar site”. Em princípio, encontrarás vários serviços que prometem tratar de tudo, como o WordPress.com ou o Wix, com dezenas de templates apelativos para utilizares, um interface intuitivo e a promessa de que podes começar sem encargos – aliás, verás que a palavra GRÁTIS está presente um pouco por todo o lado nesses sites.
No entanto, se pedires um site a um programador como eu, ou a uma agência Web, verás que tanto o Domínio como o Alojamento têm custos associados. Eu, por exemplo, nem os incluo nos meus orçamentos, porque prefiro que seja o cliente a gerir essa questão (ajudo-o, obviamente, a encontrar um bom fornecedor, quando ainda não o tem).
Então em que é que ficamos? Tenho que pagar para ter um site, ou não?
O objectivo deste artigo é precisamente explicar-te as principais diferenças entre um domínio e um serviço de alojamento (ou hosting), para além de te esclarecer sobre o quão “gratuitas” algumas soluções realmente são.
Vamos a isto!
O Domínio
Normalmente, um domínio vai andar à volta dos 10–25 euros anuais. É um custo recorrente que terás de suportar todos os anos para que o teu site se mantenha online.
Poderás encontrar promoções em que o 1º ano é mais barato, mas nos anos seguintes, o valor é praticamente sempre o mesmo. Se decidires renovar por vários anos, o desconto também é muito pouco significativo.
Este valor pressupõe que o domínio está disponível, claro. Se quiseres um domínio que já tem dono, terás de o contactar e descobrir se está disposto a vendê-lo – e aí, poderás ter de pagar centenas ou mesmo milhares de euros para que fique em tua posse.
OK, então e afinal a conversa do “Grátis”?
Podes ter um domínio gratuito no WordPress.com ou no Wix se não te importares que o teu site seja algo como https://oteublog.wordpress.com
ou https://omeusite.wix.com
. Ou seja, só podes definir o subdomínio – o texto imediatamente antes de .wix.com
.
Por questões de credibilidade (ou simplesmente por facilitar a memorização), a maior parte dos negócios prefere um domínio próprio – algo como https://www.aminhaloja.com
. A questão é que, para isso, já terás que pagar um extra nesses serviços – o chamado “Custom Domain”.
Este extra parece insignificante, mas a realidade é que ao fim de um ano, tens de pagar 48 euros ao WordPress.com ou 54 euros no caso do Wix para usares esse domínio personalizado na plataforma.
Se comparares com os tais 10–25 euros anuais que referi anteriormente, podes ver que a diferença ainda é significativa. Em boa verdade, o valor que esses serviços apresentam também inclui alojamento, que abordaremos mais à frente.
Top-Level Domains e tipos de domínio
O domínio deste site é brunobrito.pt
– o que é que o PT
te indica? Que sou de Portugal. Este é o TLD (Top-Level Domain, ou Domínio de Topo), a última parte do domínio. Outros TLDs populares são o .COM
, o .ORG
ou o .NET
.
Existem TLDs Genéricos e os TLDs de Código de País. Na maior parte dos casos, optares por um TLD ou outro não vai impactar o preço. Em alguns negócios fará sentido adquirires um .PT
, um .FR
ou um .DE
, enquanto que noutras circunstâncias, será melhor usares (ou terás mesmo de usar) um .COM
, .GOV
ou .EDU
.
A lista tem vindo a crescer nos últimos anos – à data da escrita deste artigo, já podes escolher entre perto de 1500 TLDs.
Estes são todos aqueles que começam com a letra “A”:
Podes recorrer a este site para te sugerir alguns domínios criativos, baseados no nome que inserires. Ficas logo a saber se está disponível ou não.
Onde comprar domínios
A maior parte dos serviços que oferecem alojamento também te poderão registar o domínio.
Se procuras um domínio .PT
, existe um serviço que NÃO posso mesmo recomendar: o DNS.PT. Basta consultares o preçário para veres que gastarás mais de 28 euros anuais, por nenhum motivo aparente.
Uma rápida visita ao site da PTServidor, outra empresa portuguesa, já apresenta o valor que eu diria ser o standard: cerca de 15 euros.
Internacionalmente, o CloudFlare e o Namecheap são boas referências, mas podes adquirir domínios de qualquer tipo nestes sites – só tens que ter em conta algumas excepções, que estão mais relacionadas com a legislação em algumas regiões, como o Afeganistão ou a Catalunha.
É importante tirar mais uma questão do caminho: podes adquirir um domínio num fornecedor diferente do alojamento, da mesma forma que podes trocar de alojamento mais tarde, sem perder o domínio.
Para isso, convém adicionares uma nova palavra ao teu dicionário de “Gestão de Domínios”, que vem já a seguir…
Nameservers
Nem sempre se fala neste termo, até porque raramente é do interesse das empresas de alojamento divulgar esta palavra (é muito mais interessante fidelizar o cliente tanto no domínio como no alojamento). Mas a verdade é que todas as empresas disponibilizam os seus Nameservers.
O Nameserver é o responsável por “ligar” o domínio ao alojamento.
Se comprares tanto o Domínio como o Alojamento na mesma altura e no mesmo site, os Nameservers já deverão estar devidamente configurados. Se tiveres fornecedores separados para cada um, é uma questão de procurares no site onde tens o alojamento pelos Nameservers que deves inserir.
Os Nameservers são habitualmente 2 a 4 entradas que vais ter de inserir no painel de gestão do Domínio, no site onde o registaste.
No caso da PTservidor, serão os seguintes:
ns1.ptservidor.net
ns2.ptservidor.net
ns3.ptservidor.net
No caso do DigitalOcean, outro serviço do qual sou fã, é muito similar:
ns1.digitalocean.com
ns2.digitalocean.com
ns3.digitalocean.com
Se tiveres necessidade de alterar estes Nameservers, não conseguirás confirmar de imediato se a alteração que fizeste foi efectuada com sucesso. Essas alterações terão que propagar por todo o mundo – processo que pode levar entre 24 a 48 horas até ser realizado a 100%. Podes acompanhar o processo de propagação pelo mundo aqui.
Se ainda não arrancaste com o teu site, não é tão incomodativo. Mas se tiveres um site com bastante tráfego, que gera dinheiro, e uma caixa de e-mail associada ao domínio, por exemplo, certamente não verás com bons olhos esse downtime.
Downtime? Impede-o com o Cloudflare
Por este motivo, eu gosto de utilizar um serviço gratuito que fica no meio destes 2 mundos, chamado CloudFlare. Para além de oferecer uma camada extra de segurança ao teu site e outras vantagens, permite-te gerir a correspondência entre todos os teus domínios e todos os teus alojamentos.
Se apontares os teus Nameservers para o Cloudflare, poderás um dia mais tarde transitar para outro serviço de alojamento com maior liberdade pois a alteração será imediata – não terás de esperar sequer 5 minutos, quanto mais 24 horas.
É muito fácil começar. Podes ficar com uma ideia vendo este vídeo.
O interface para gerir os domínios é também muito apelativo, e como tenho vários domínios e vários serviços de alojamento, acabo por preferir gerir tudo lá.
Pode parecer um passo adicional desnecessário, mas se um dia decidires alterar de serviço de alojamento, vais agradecer teres utilizado esta ferramenta.
O Alojamento
Na verdade, esta parte é facultativa. Podias pegar num computador antigo que já não uses, deixá-lo ligado todo o dia, e basicamente ser essa máquina a servir o teu site. E é o que acontece em algumas empresas, aquelas que vês nos filmes de ficção científica que têm salas gigantes onde está o servidor.
No entanto, para um indivíduo ou pequeno negócio, este raramente é um cenário prático. Se te faltar a luz em casa, o teu site ficará offline. Se muitas pessoas estiverem a aceder ao teu site, a tua ligação à Internet vai ser incapaz de aguentar o tráfego. E será que queres mesmo manter um computador ligado todo o ano, e configurá-lo?
É muito mais prático recorrer a um serviço de alojamento. Existem alojamentos baseados em Windows, em Linux, VPS (Virtual Private Servers), Alojamentos Dedicados… e é normal que tanta oferta te confunda.
Se estás a começar e queres um site muito simples, provavelmente até baseado em WordPress, um alojamento baseado em Linux e PHP é o que precisas. Ao contrário do que acontece habitualmente, aqui o Linux é uma escolha bem mais popular que o Windows.
Muito raramente vais precisar de um sistema Windows, a não ser que seja baseado em ASP/.NET.
Se o teu site for essencialmente para visitantes portugueses, talvez faça sentido adquirires um servidor que esteja em solo nacional – eu recorro à PTServidor nestes casos.
No caso da PTServidor, o plano de alojamento mais barato custará 35 euros por ano.
Para sites internacionais, já usei vários serviços de alojamento – Bluehost, Media Temple ou GoDaddy, entre outros – e achei a experiência similar em todos eles.
Nenhum é particularmente intuitivo ou extra rápido, mas também estamos a falar de alguns dos serviços mais populares e baratos da Web inteira.
Como actualmente tenho muitos sites WordPress e gosto de ter algum controlo sobre o computador/software alugado que estou a usar, optei por pagar um pouco mais (5 dólares por mês) e utilizar o DigitalOcean, um serviço que adoro (este blog está lá alojado).
Não é para iniciados, mas há excelentes guias por aí. Podes ver como instalar blogs WordPress neste alojamento seguindo este meu guia.
É uma VPS, o que significa que posso aceder ao terminal da máquina e mudar o sistema operativo, instalar software adicional e mexer nas definições que bem entender.
Se não precisares de um CMS como o WordPress, apenas de um sítio para fazeres upload de ficheiros HTML/CSS/JavaScript, tens o serviço S3, da Amazon. Não é um serviço muito intuitivo, mas é para isso que este meu guia serve – até inclui as dicas para o integrares com o Cloudflare.
Por fim, podes optar por utilizar um 2º alojamento dedicado ao armazenamento de ficheiros grandes, como vídeos ou músicas. Aí, o serviço mais barato será o BackBlaze B2, uma óptima alternativa ao S3.
O que define um bom serviço de alojamento?
Qualquer preçário que consultes vai apresentar-te vários números. O número de GBs do disco rígido reservados para ti. O número de caixas de correio ou bases de dados que podes criar. Em alguns casos, até o número de visitas ou de GBs transferidos que tens direito, por mês.
É tentador comparar o preço apresentado e o número de GBs oferecido, mas olhar só para isso até é perigoso.
Nem sempre é melhor negócio pagar 3 euros por mês por um alojamento com 20 GB de espaço em disco, em vez de 5 euros por um serviço que oferece 10 GB. Há muitos outros factores em jogo, e a performance do teu site vai depender em grande parte da tua “vizinhança”.
Como se tratam de alojamentos partilhados, quantos mais clientes usarem o mesmo computador, mais lentos os sites serão. Muitas empresas procuram encaixar o maior número de clientes possível em cada sistema, com consequências sérias na performance.
Um site armazenado no mesmo computador que o teu poderá estar a ter um enorme sucesso momentâneo, e todos os outros ficarão mais lentos por esse motivo.
Às vezes, mais vale um serviço que limite o tráfego recebido – são geralmente valores bastante razoáveis, assumindo que não vais ficar viral no Facebook de repente.
É também muito importante a qualidade de suporte que recebes. Respondem a tempo e horas? Estão dispostos a ajudar com questões mais técnicas?
É bastante frustrante ter um site em baixo várias horas e parecer que ninguém quer saber. Procura sempre serviços que tenham bom feedback online e consulta o perfil no Twitter ou no Facebook para entender como tratam os clientes.
Como é que o Wix e o WordPress.com oferecem isto “de borla”?
O modelo de negócio destas empresas baseia-se em oferecer um plano decente para quem está a começar e que não se importa de não ter um domínio próprio ou que seja exibida publicidade no meio dos conteúdos que publica.
Existem várias desvantagens; por exemplo, na maior parte dos Termos e Condições destes sites, são estas as empresas que têm os direitos do conteúdo que publicas – podendo monetizá-lo como bem entenderem. A velha máxima de “Se o preço é 0, o produto és tu” aplica-se aqui.
O WordPress.com também te limita bastante a utilização de temas e plugins se optares pelo alojamento lá fornecido em vez de optares por utilizares a versão do WordPress.org, que é gratuita e pode ser instalada em qualquer alojamento que suporte Linux, PHP e MySQL .
É o problema de construires a tua casa em “terra alugada” – ficas dependente de terceiros, e não controlas eventuais alterações que a empresa decida tomar no futuro.
Na minha experiência, as empresas preferem evitar este tipo de tradeoff. Para uma empresa, não controlar onde surge a publicidade ou promover um domínio que termina em ...wix.com
ou ...wordpress.com
é muitas vezes pouco prático, afetando até a sua credibilidade.
Muitos blogs começam aqui, acabam por crescer e optam por fazer mais tarde um upgrade para um plano pago, acabando por ficar a pagar mais que noutras soluções, por já estarem fortemente fidelizados (ou presos) ao produto. E é aí que estes serviços vêem o seu investimento recuperado.
Como verificaste neste artigo, se somares o plano mais barato da PTServidor (35 euros) com o custo de renovação anual do domínio, podes ter um site com domínio próprio por cerca de 50 euros por ano. Um valor praticamente igual ao alojamento no Wix e no WordPress, mas com liberdade total.
Conclusão
Não é assim tão dispendioso ter um site – bastam 50 euros por ano. Ficaste também a saber que, no caso de serviços como o Wix, o grátis pode acabar por não ficar assim tão grátis.
Importante ainda lembrar que podes ter o domínio adquirido num site e o alojamento noutro. São independentes, mas que depois podes ligar com a ajuda dos Nameservers.
Espero que este artigo tenha sido esclarecedor. Se precisares de ajuda a desenvolver o teu site, fala comigo!