A escrita online evoluiu bastante nos últimos anos. Passámos de um cenário em que apenas programadores com conhecimentos de HTML conseguiam inserir texto, para um mundo em que qualquer pessoa minimamente habituada a um interface gráfico (como o do Word) consegue utilizar um Content Management System, como o super-popular WordPress.
Passámos, no fundo, de um mundo repleto de código para algo mais visual, seguindo a máxima WYSIWYG (What You See is What You Get). No entanto, sempre achei que este tipo de editores mais modernos não nos davam total controlo de como o texto ia ficar.
São excelentes para quem está a começar, sem dúvida, mas é frequente a necessidade de visitar o código para algum pequeno ajuste. Por esse motivo, há quem acabe por escrever tudo em HTML – apesar de ser uma linguagem simples, sempre senti que o HTML era desnecessariamente complexo em alguns momentos.
Pelos vistos não estava sozinho. Surge assim o Markdown.
O que é o Markdown?
O Markdown já surgiu há 10 anos, mas a sua popularidade continua a crescer. Eu diria que esta é uma linguagem muito básica, que está no meio-termo entre o WYSIWYG e o HTML.
Basicamente, é o melhor dos 2 mundos: dá-nos a sensação de controlo que o HTML nos providencia mas com uma sintaxe tão simples que praticamente não se trata de código.
Falando em sintaxe, esta cábula dá-nos basicamente tudo o que precisamos de saber:
Markdown comparado ao HTML
O Markdown suporta HTML, o que significa que podemos inserir HTML no meio do nosso documento de Markdown e será interpretado correctamente. Isso torna aquele embed tão simples de fazer quanto antes, ou alguma mudança específica, como centrar uma imagem.
Mas as acções mais frequentes, essas… são agora bem mais simples.
Eis alguns exemplos:
- escrever
#
ou##
substituem o<h1></h1>
e o<h2></h2>
respectivamente; - o texto a negrito consegue-se com um simples
**
em vez de <strong></strong>
e o itálico com*
em vez de<em></em>
; ![]()
dá-nos tudo o que precisamos para inserir uma imagem e respectivo alt text, ao invés do bem mais extenso<img src="" alt="">
.
De recordar que todo o código HTML utilizado é também compatível – podemos escrever ##
numa parte do texto e <strong></strong>
na outra, que o resultado será o mesmo. E já que estamos numa de cábulas, aqui fica uma de HTML.
A conclusão é simples: é mais rápido escrever em Markdown. E eu adoro escrever depressa.
As apps
Escrevo todos os meus textos em Markdown há mais de um ano e ao longo desse período já encontrei várias aplicações bastante interessantes. Em baixo indico as mais populares.
Cada vez existe maior adesão por parte da comunidade e ainda bem – exemplos disso são o Slack ou o Airmail, 2 aplicações que utilizo diariamente.
Markdown no WordPress
Se o WordPress está em mais de 20% de sites da Internet, é seguro afirmar que só podemos encarar o Markdown como uma alternativa interessante se existirem soluções para este CMS. Felizmente, há bastantes plug-ins.
Aqui, o destaque vai para o WP-Markdown. Não só podemos passar a escrever em Markdown nos posts e nas páginas, como podemos até activá-lo para comentários (particularmente útil quando alguém quer comentar com linhas de código HTML, por exemplo num site frequentado por programadores).
Markdown no Ghost
Se leste este artigo sobre o Ghost, já saberás aquilo que vou dizer aqui: o Ghost suporta o Markdown de raíz, pelo que não será preciso fazeres nada.
Todos os posts deste blog são escritos directamente aqui, sem intermediários.
Markdown no SublimeText (Windows/Mac/Linux)
O SublimeText é o meu editor de texto preferido e uma das coisas que o torna tão especial é a fantástica comunidade que cria plug-ins para tudo e mais alguma coisa.
Se instalarmos o MarkdownEditing com o PackageControl (indo a “Preferences> Package Control” e depois “Install Package”), imediatamente ficaremos com um Sublime bem mais útil para este tipo de projectos, formatando o documento.
Em baixo podemos comparar o Sublime com e sem o MarkdownEditing.
Markdown Pad 2 (Windows)
Para Windows, o Markdown Pad 2 é uma boa aposta. A versão gratuita permite fazer a grande maioria das acções e com o seu interface a la Word, acaba por ser uma boa introdução para iniciados no Markdown. À semelhança do Ghost, tem o editor de texto à esquerda e o LivePreview à direita, para que possamos ver em tempo real o nosso texto.
Marked 2 (Mac)
Marked 2 é uma app genial para Mac criada por Brett Terpstra, uma das personalidades mais activas desta comunidade.
Esta aplicação não produz Markdown (ou seja, não é um editor de texto) mas é excelente para visualizar conteúdos finais e analisá-los, sendo muito útil tanto para escritores como para programadores.
É frequente correr esta aplicação lado a lado com o Sublime, visto que o Marked 2 refresca sempre que se faz save no documento.
Estas são algumas das minhas funcionalidades preferidas da aplicação:
- Verificação de broken links;
- Conversão rápida para HTML ou PDF;
- Expansão e minimização dos capítulos por headings;
- Análises ao texto como contagem de palavras, tempo de leitura e a densidade e testes de legibilidade Flesch-Kincaid, que permitem identificar a facilidade de leitura de um documento.
O Marked 2 também aceita a importação da stylesheet de um theme, pelo que podemos visualizar um documento como se já tivesse sido postado no nosso blog.
Conclusão
O Markdown continua a crescer e é uma excelente opção para quem quer começar a escrever para a web sem um curso de HTML. Prevejo que cada vez mais aplicações suportem esta linguagem e um dia talvez até se torne mesmo no standard do blogging.