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Adoro o Twitter (mas não devia)

the_bammer no Twitter

Adoro o Twitter (mas não devia)

Adoro o Twitter (mas não devia) 620 350 Bruno Brito

Há vida para além do Facebook. Nem todas as redes sociais têm as suas feeds inundadas de fotos de bébés, vídeos de gatos e links para conteúdos que alguém teve de partilhar primeiro para conseguir visualizar depois. Claro que tudo dependerá de quem seguimos e do que filtramos ou não (olá Social Fixer), mas é inevitável que tal aconteça quando falamos de uma rede mainstream como é o Facebook em 2014.

No entanto, ainda há por aí redes que estão de boa saúde e que se recomendam. E um exemplo de uma rede que ainda mantém um elevado nível de qualidade é o Twitter.

O Twitter já conta com mais de 255 milhões de utilizadores activos pelo mundo e foi um dos 10 sites mais visitados em 2013, ano em que entrou na bolsa.

Já estou no Twitter há mais de 5 anos – desde Maio de 2009, para ser mais preciso – e nos dias que correm, é a minha rede social preferida. Ainda assim, não deixa de ser irónico o primeiro tweet que alguma vez escrevi:

twitter is wrong for everybody.

Com o tempo, mudei de opinião. Há muita coisa que aprendi a apreciar lá. Mas também há coisas que não me conformo que ainda sejam como são, considerando que este produto já leva 8 anos de vida.

Vamos primeiro às coisas boas.

Twitter – o bom

Os 140 caracteres

O Twitter é conhecido por ser o “SMS” da Internet. A famosa limitação dos 140 caracteres nunca me fez confusão e até a agradeço, porque me obriga a ser criativo e sucinto no momento de compor um novo tweet. É uma nova forma de storytelling, basicamente.

Esta limitação poderia incentivar os utilizadores a escrevem 10 tweets cada vez que quisessem comunicar algo, mas na minha experiência tal é raro acontecer – parece haver uma real preocupação por parte da comunidade em condensar os pensamentos em textos curtos.

Obviamente nada nos impede de escrever mais do que 1 tweet quando tal é necessário, mas este tipo de restrição facilita bastante o processo quando estamos a ver o que se passa de novo na nossa feed.

Os conteúdos

O Twitter não será a minha primeira paragem para saber como anda a minha família ou os meus melhores amigos, mas se quiser ler os artigos de Marketing Online dos meus gurus ou saber mais sobre as recentes actuações dos meus DJs ou wrestlers preferidos, dificilmente encontrarei outra plataforma tão útil quanto esta.

A maior parte dos artistas que acompanho partilham muitos mais detalhes do seu processo criativo no Twitter. São mais sinceros e verdadeiros, conversam muito mais com os seus seguidores e é sempre interessante acompanhar os diálogos entre eles, no caso de seguirmos também os artistas com que habitualmente interagem.

Nos case studies que já abordei na série “O Conteúdo é Rei“, refiro com frequência que muitas marcas/artistas divulgam mais informação para o fã nesta plataforma, guardando os grandes comunicados e os produtos acabados para o Facebook. Esta é a verdadeira plataforma para o engagement, para os fãs.

Há imensos conteúdos úteis partilhados aqui que, de outra forma, nunca chegariam até mim. Por esse motivo, a seguir aos meus programas de RSS, o Twitter é a minha principal fonte de notícias e artigos.

As apps

Uma das minhas aplicações preferidas no telemóvel é o Falcon Pro, um cliente Twitter para Android. A qualidade do design e a simplicidade são 2 trunfos desta app criada por Joaquim Vergès, mas há muitas outras igualmente capazes. Para Mac, gosto do Tweetdeck (entretanto comprada pelo próprio Twitter), apesar de ter ouvido maravilhas do Tweetbot.

Falcon Pro para Android

Há dezenas de apps para Twitter, pelo que certamente uma irá ao encontro dos gostos de qualquer utilizador. A aplicação “oficial” deixa muito a desejar, apesar de estar bem melhor, mas felizmente há imensas alternativas, algo que poucas redes se podem gabar.

A possibilidade de entrar em qualquer conversa

No seu livro “Jab Jab Jab Right Hook” (que recomendo), Gary Vaynerchuk descreve o Twitter da seguinte forma:

“Twitter is the cocktail party of the Internet – a place where listening well has tremendous benefits.”

Qualquer marca inteligente pode monitorizar o que é dito sobre ela e participar na discussão – ajudando as pessoas e mostrando que está atenta ao que se diz sobre ela.

O mesmo se aplica a qualquer outra conversa: podemos participar em qualquer debate sem convite prévio. No Facebook muitos sentiriam que estaríamos a meter o nariz onde não somos chamados se tal acontecesse, mas não no Twitter – é tudo muito aberto.

Esta “permissão” pode facilmente converter-se numa oportunidade. Este documentário, de cerca de 30 minutos, mostra como marcas, políticos ou jornalistas aproveitam esta característica do Twitter:

A pesquisa em tempo real

As hashtags foram uma excelente adição para o Twitter, permitindo-nos saber rapidamente o que se anda a falar sobre determinado tema, mas a caixa de search continua em alta – basta pesquisar por termos (ou por um utilizador) para descobrir o que se diz sobre determinado tópico.

Twitter – o mau

Considero a comunidade do Twitter fantástica (especialmente tendo em conta o número de utilizadores) e o spam não é muito problemático – curiosamente, uma das coisas mais irritantes podem ser as notificações trazidas pelo próprio Twitter, que também deixam de ser um problema se as desactivarmos.

Dito isto, sinto que o produto poderia (e deveria) ser consideravelmente melhor a esta altura do campeonato. Aqui ficam alguns motivos.

A ausência de um algoritmo

Entendo que o apelo do Twitter seja o conteúdo em tempo real, mas muitas pessoas gostariam de ordenar a sua feed pelos utilizadores que mais lhes interessam. Aprecio o imediato, mas deveria existir uma alternativa.

O EdgeRank do Facebook

O Facebook tem o EdgeRank (em cima), mas o Twitter não parece estar interessado em criar qualquer tipo de algoritmo – a única solução para organizarmos os nossos contactos de alguma forma é através das Twitter lists.

A ausência de actualizações relevantes

Ao longo do tempo, poucas funcionalidades foram introduzidas no Twitter. A grande preocupação ao início foi assegurar a estabilidade do serviço, visto que era frequente o mesmo ficar indisponível e presentear-nos a famosa Twitter whale.

A famosa Twitter whale

Poucas novidades são dignas de menção em 8 anos, que convenhamos, é uma vida no mundo online. Quando a internet pára para anunciar que o Twitter agora suporta GIFs animados (notícia divulgada há cerca de 1 semana), algo está mal.

Os malditos tokens

A aplicação oficial não é perfeita, especialmente se acedermos a www.twitter.com a partir do desktop – uma experiência dolorosa para os power users do Twitter. Mas tal motivou centenas de developers a conceber aplicações do Twitter superiores, que enriquecem largamente a experiência do utilizador.

A resposta do Twitter? A criação de tokens. Qualquer aplicação pode utilizar o API do Twitter desde que não ultrapasse o limite de 100.000 utilizadores. Algumas aplicações, como a já referida Falcon Pro, tornaram-se (merecidamente) tão populares que chegaram a este valor e tiveram de ser removidas da Play Store.

Felizmente, não tardou a surgir um workaround, mas é de lamentar que o próprio Twitter não apoie este tipo de iniciativas.

A razão só pode ser uma: garantir que a publicidade surge na feed do utilizador, utilizando a app oficial.

As oportunidades perdidas

As marcas já aproveitaram inúmeras situações para dar que falar (como o apagão no Superbowl), mas apesar do enorme destaque que os programas de TV e eventos dão a esta rede social nas suas actividades, a equipa responsável pelo produto não parece estar interessada em tirar partido de eventos de interesse mundial (como os Óscares ou o Superbowl) para tornar a plataforma mais interessante para os utilizadores.

Nesses eventos, só mesmo as marcas causam impacto.

A excepção é mesmo este Mundial de Futebol, merecedor de destaque durante toda a competição na aplicação mobile e com direito a bandeiras para cada país nas hashtags.

O Mundial tem sido um sucesso nas redes sociais no geral, mas até neste esforço suplementar o Twitter desilude; ao não apresentar um content curation cuidado, ao entrarmos num tópico tudo o que vemos é uma lista de tweets, em tempo real, de várias personalidades, marcas e jornalistas, que nem sempre trazem valor ao que se passa dentro de campo.

Por este motivo, esta funcionalidade está a provar-se pouco relevante para quem se quer actualizar sobre o que aconteceu num jogo num par de segundos.

Ao intervalo do jogo Portugal-Gana, a feed estava inundada com o Vine do auto-golo e a foto de John Boye (o autor da proeza) a beijar o seu dinheiro antes de entrar em campo, como se pode confirmar em baixo nestas 2 imagens. Qual a real utilidade desta função para quem quer saber rapidamente o que está a acontecer?

A feed do jogo Portugal-Gana, ao intervalo

John Boye no Twitter

Conclusão

Twitter… podias ser tão melhor. Não vou a lado nenhum e continuarei a tweetar seja na aplicação oficial ou em todas as outras que pretendes deitar abaixo, mas por favor: esforça-te mais um bocadinho. Os teus utilizadores merecem.

    Se quiser entrar em contacto comigo, pode enviar-me um e-mail para mail@brunobrito.pt ou preencher o formulário abaixo.

    NOTA: Todos os campos são de preenchimento obrigatório.


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