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Esta foi a firma que mais facturou no último trimestre…
Testámos 2 produtos – um deves comprar, o outro não. Descobre quais!
O governo sabe algo que nós não sabemos. E vais ficar chocado quando souberes o que é!
O filme __________ foi o grande vencedor dos Óscares.
10 razões para visitar Lisboa (a minha preferida é a #7)
Já todos vimos títulos deste género. E, provavelmente, até clicámos em alguns. Afinal de contas, a nossa curiosidade torna-nos vulneráveis a este tipo de links.
A fórmula deste tipo de títulos (conhecidos na web como clickbait) é simples:
- Despertar curiosidade;
- Não concluir o raciocínio.
É uma fórmula simples e que tem trazido grandes resultados nos últimos anos – o Buzzfeed ou o Upworthy que o digam.
Estes sites rapidamente se tornaram populares por nos começarem a contar histórias… sem nunca as acabar.
Estes títulos têm que despertar a nossa curiosidade, onde para sabermos a resposta, teremos de clicar no link. É quase um jogo, uma aventura. E, pela sua natureza, garantem um elevado número de cliques.
Idealmente estes títulos vão ainda incluir números, visto que somos naturalmente atraídos por listas e, quando possível, por uma mensagem que desperte um pouco de medo em nós.
Antes de avançar, quero salientar que esta não é uma crítica a este tipo de sites. Apesar de toda a polémica e dos vários movimentos contra o clickbaiting (como esta hilariante conta do Twitter), admiro estes projectos.
Pierce Brosnan. RT @washingtonpost: Son of _____________ is interning on Capitol Hill. Guess who.
— Saved You A Click (@SavedYouAClick) July 15, 2014
Mesmo seguindo esta fórmula, existem inúmeros desafios e muito trabalho pelo caminho. O Upworthy, que teve a amabilidade de partilhar a sua estratégia neste excelente SlideShare, é prova disso mesmo.
Nesse mesmo SlideShare, podemos constatar a importância que o Upworthy dá ao poder dos títulos:
Para cada notícia, o UpWorthy cria nada mais nada menos que 25 títulos. Depois de os testar, aquele que garante a maior taxa de cliques passa a título permanente do artigo. Assim, o tempo passado no site e o conteúdo consumido será, muito provavelmente, maior.
Qualquer jornalista ou blogger saberá que sem um bom título, dificilmente um conteúdo triunfará. E sendo estas headlines irresistíveis, torna-se inevitável perguntar:
Valerá a pena seguir a abordagem clickbait?
Eu penso que não. E eis o porquê:
#1: Colocas a expectativa lá no alto
Estes títulos trazem sempre algum hype com eles. Quantas vezes não ficámos desiludidos com o que lemos depois de clicar no artigo?
Como estes títulos são, por natureza, bastante vagos, dificilmente correspondem às nossas expectativas. Ao manter as pessoas “no escuro” até clicarem, cria-se uma grande separação entre o esperado e o que é entregue.
Quanto maior a promessa no teu título, maior terá de ser a qualidade do conteúdo. A fasquia está bem lá no alto e a verdade é que muitas notícias/artigos não estão, de todo, à altura do título, o que provoca uma enorme desilusão.
#2: Não é benéfico a nível de SEO
Este tipo de títulos raramente contêm as palavras-chave no título e, muitas vezes, é apenas acompanhado de um texto curto e de um vídeo. São geralmente conteúdos virais, de consumo rápido e que descuram a optimização para motores de busca.
A bounce rate é também elevada, visto que a desilusão criada no ponto #1 convida os utilizadores a sair desse site rapidamente.
Existem, claro, excepções, mas um título pouco específico (acompanhado de um artigo de qualidade abaixo da média) dificilmente te dará uma posição interessante no Google.
#3: Ficas dependente das plataformas de Social Media
Nos 10 Mandamentos de Social Media, referi a importância de “não construir a casa em terra alugada”. Se dependes exageradamente das redes sociais para obter tráfego, deves rever a tua estratégia assim que possível, especialmente se adoptaste este tipo de títulos.
O Facebook comunicou, em Agosto desde ano, que é contra o clickbait.
Nesse post, a rede de Mark Zuckerberg confirma que este tipo de links, apesar de atraírem muitos cliques, causam também bastante insatisfação nos utilizadores.
Para despromover os links clickbait, um dos critérios do Facebook é precisamente o referido no ponto #2:
If people click on an article and spend time reading it, it suggests they clicked through to something valuable. If they click through to a link and then come straight back to Facebook, it suggests that they didn’t find something that they wanted. With this update we will start taking into account whether people tend to spend time away from Facebook after clicking a link, or whether they tend to come straight back to News Feed when we rank stories with links in them.
#4: Os leitores sentem-se gozados
Ao início, é como um jogo. Clicamos no link para saber qual é o ponto preferido do autor, ou para descobrir a resposta à pergunta que o título sugere.
Com o tempo, começamos a exigir respostas logo no título (como acontecia antes!). Queremos saber se é merecedor do nosso tempo, se vale a pena abrir mais uma tab. E depois de algumas más experiências, deixamos de levar estes títulos a sério.
Mesmo se funcionar durante um tempo, nunca é boa ideia gozar com a nossa audiência.
Podes gozar com eles uma vez, duas, ou até três. Mas eles vão acabar por deixar de te visitar.
Conclusão
Podes (e deves) testar os títulos. Deves, sem dúvida, perder mais do que 5 minutos a pensar numa headline para o teu artigo épico. Mas se estás a oferecer uma pequena pausa no dia de trabalho, apresentando um vídeo divertido, não o promovas como o maior acontecimento do universo – a não ser que realmente seja.
Tem cuidado com o que prometes e ajusta-o ao nível do que entregas. Se queres utilizar títulos bombásticos… certifica-te que o teu conteúdo também o é.
Tem também atenção ao tipo de notícia que é e a entidade que representas. Por exemplo, será que aqui o clickbait era mesmo necessário?
14-year-old girl stabbed her little sister 40 times, police say. The reason why will shock you. http://t.co/5ZFqHFrviw
— CNN Breaking News (@cnnbrk) January 23, 2014
Por fim, não te esqueças que, pelas razões acima, estes títulos estão a começar a danificar a credibilidade de alguns sites. Se procuras criar um conteúdo evergreen, algo que perdure no tempo – o melhor será pensares numa headline mais representativa do que ofereces e um artigo mais preocupado com SEO.