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Como Conseguir Emprego em Marketing Digital

Como Conseguir Emprego em Marketing Digital

Como Conseguir Emprego em Marketing Digital 620 350 Bruno Brito

Uma das perguntas mais frequentes que recebo dos meus alunos de Marketing Digital, especialmente no 3º ano, é a inevitável questão sobre trabalho.

As notas na licenciatura foram boas, se calhar até já fizeram um ou outro estágio de verão, mas a pergunta persiste:

Como arranjo emprego em Marketing Digital?

Esta foi a principal motivação para escrever este artigo. Um texto mais virado para os recém-licenciados, é certo, mas que no fundo se pode aplicar a qualquer pessoa que procure um emprego em Marketing e, com o devido ajuste, qualquer pessoa que procure trabalho, ponto.

Naturalmente, não sou nenhum especialista em Recursos Humanos e no mundo dos empregos não há uma fórmula 100% eficaz, que agrade a todas as pessoas que estejam do outro lado.

Podes estabelecer 50 contactos com as dicas que refiro aqui e não obter nenhuma resposta, enquanto que outra pessoa pode enviar um e-mail de uma linha e obter feedback positivo.

Ainda assim, quero acreditar que estas palavras poderão ser úteis para ti e que a maior parte das pessoas responsáveis pelo recrutamento terão um pouco de bom senso e valorizarão quem merece!

NOTA: os conselhos aqui mencionados são para encontrares um emprego por conta de outrem. Se procuras algo por conta própria/freelancer, sugiro que leias este artigo.

O principal Objectivo

O principal Objectivo

Antes de irmos mais longe, convém entender qual o objectivo quando entregas um CV ou envias um e-mail.

O objectivo final é conseguires um emprego para trabalhares nessa empresa e ganhares dinheiro ao fim do mês, é certo, mas não é expectável que aconteça numa primeira interacção.

Assim sendo, o verdadeiro objectivo será só um: seres contactado para uma reunião. Um pé na porta, no fundo. A partir daí, já há algum investimento e já tens alguma margem de manobra.

As empresas recebem centenas de respostas a qualquer candidatura que colocam, mas aqueles que convidam para uma reunião (ou entrevista, se preferires) geralmente contam-se pelos dedos de uma mão. Não há simplesmente tempo (e provavelmente vontade) para conhecer toda a gente!

Se chegares a esta shortlist estás no bom caminho para o sucesso – deixas de competir com 400, para competir com 5 ou 10.

Assim sendo, é aqui que terás de aplicar a maior parte do teu esforço, certo?

Vamos lá então começar pelo fundamental para maximizar as tuas hipóteses.

Como Como Conseguir Emprego - #1: O Básico

#1: Os Básicos

Aqui vou falar daquilo que é comum constar numa primeira abordagem. O curriculum vitae, a carta de apresentação, esse tipo de elementos.

Se queres mesmo um trabalho naquele sítio, provavelmente não te deves ficar por aqui… mas é o que a maior parte das empresas está à espera (muitos até o exigem) e terás que falar a língua deles.

Mas antes de falarmos nisso tudo, vamos virar-nos para a oferta de trabalho em si – assumindo que não estás a pensar numa candidatura espontânea, claro está.

A Oferta de Trabalho

Andavas a fazer a tua ronda pelos sites de empregos do costume e encontraste algo que te interessou particularmente – ou um amigo enviou-te e disse “tem a tua cara”, e tinha razão.

A Oferta de Trabalho

É tempo de agir: mas antes de enviares aquele e-mail automático que já tens em rascunho com o CV anexado, perde algum tempo a ler a oferta devidamente e responde a estas questões:

  • cumpro todos os requisitos?
  • consigo entender como posso ser uma mais-valia para a empresa?
  • fiquei com alguma dúvida depois de ler a oferta?

Em Portugal há o triste hábito de se pedir “o mundo” a um recém-licenciado (experiência profissional prévia, x anos de conhecimento em y, carta e carro), quando muitas vezes não é necessário metade.

Se for um anúncio desses, terás de jogar com o teu bom senso e entender se cumpres o essencial para, pelo menos, tentares a tua sorte.

É verdade que verás com muito melhores olhos uma candidatura redigida com bom-senso, mas se não for o caso, é importante que sigas em frente na mesma, se te sentires à altura.

Vamos então tratar da resposta. Agora sim, podes abrir o Gmail.

O E-mail de Apresentação

Na maior parte dos casos, esta vai ser a primeira mensagem tua que a empresa vai ler. Estás a sentir a pressão?

O Gmail tem uma funcionalidade engraçada que são as Canned Responses – textos que ficam gravados para poderes voltar a usar mais tarde.

São muito úteis para aquelas mensagens genéricas de serviço ao cliente, por exemplo, mas SER GENÉRICO NÃO É O QUE QUERES AQUI.

Sobressai!

Lembras-te dos requisitos da oferta de trabalho, que cuidadosamente leste no passo anterior? São pistas.

Quando estás com os teus amigos da bola, falas de futebol, certo? Então aqui vais falar o idioma deles, e enviar um e-mail a explicar porque é que é cumpres o ponto x, y e z.

Se cada oferta de trabalho é diferente, a tua candidatura também deverá ser diferente.

Adaptar o produto ao consumidor, não é isso? Vá, não sejas preguiçoso. Queres isto ou não?

Pontos extra se fizeres alguma research e utilizares o mesmo tom da empresa – se é um grupo jovem e informal, não tens de começar o e-mail com “Exmo. Senhor” – mas sê sensato e não te ofereças já para lhes pagares um copo no Bairro, pelo menos para já.

Desta forma, vais mostrar que leste a oferta, que sabes perfeitamente ao que te estás a candidatar e que consegues traduzir o teu know-how para os bullet-points que eles procuram – assim, fica a papinha toda feita.

Assumindo que o teu e-mail cumpriu o seu propósito, as pessoas responsáveis pelo recrutamento abrirão os anexos – o que nos leva para o passo seguinte.

BTW, podes sempre saber se o teu e-mail já foi aberto, recorrendo a uma app como o MailTrack.

A Carta de Apresentação

Este passo é opcional, a não ser que na candidatura te peçam para redigir uma. Podes sempre inserir alguns destes tópicos no e-mail de apresentação e saltar este passo.

Aqui, novamente, o meu conselho passa por não utilizares a mesma carta para todos os empregos.

Ao redigir esta carta, considera os seguintes pontos:

  • Trabalho de Casa: investiga um pouco (vê as redes sociais, por exemplo) e analisa a cultura da empresa e tom utilizado;
  • Apresenta-te: explica o “porquê” de estares a concorrer e o que aprecias na empresa em questão;
  • Mostra o teu valor: explica de que forma serás útil à empresa (não procures ser humilde desnecessariamente, afinal de contas tens que te vender nesta fase)
  • Cria um Call to Action: fornece os teus contactos e tenta fechar uma reunião. É o teu objectivo, lembras-te?

Agora sim, vamos para o mítico CV.

O Currículo (ou Curriculum Vitae)

Este é, habitualmente, o elemento que se atribui mais importância, para o bem ou para o mal.

A minha opinião sobre um bom CV será diferente da tua e provavelmente, da pessoa que te vai contratar. O meu conselho será mostrares o teu currículo a várias pessoas, de diferentes idades e backgrounds, e encontrar algo que reúne algum consenso.

Outra questão vai para o design – pessoalmente, odeio o “formato Europeu” (ou Europass) e infelizmente é necessário para algumas ofertas. Mas enquanto profissionais de Marketing, sinto que nos devemos diferenciar em tudo – e, claro, o aspecto do CV é algo que a meu ver deve saltar à vista.

Se tens jeitinho com Photoshop/Illustrator, ou conheces alguém que tenha, elabora algo fácil de ler, com um tipo de letra agradável, e um esquema de cores à maneira.

Sim, eu sei que não és designer, mas se recebesses 100 CVs a preto e branco a dizerem essencialmente todos o mesmo e te aparecesse isto lá pelo meio, qual é que preferias ler primeiro?

CV Behance

Existem dezenas de templates gratuitos por aí e podes sempre ir ao Pinterest, ao Dribbble ou ao Behance buscar inspiração. Certifica-te é que não ficas com um PDF de 10 MB, porque algumas caixas de correio não vão gostar.

Relativamente ao conteúdo, o que deve constar provavelmente já sabes, mas só para estarmos alinhados:

  • Informação Pessoal: nome, e-mail, telefone, foto de perfil;
  • Sumário (e destaques na carreira): resumo de competências e experiência;
  • Formação: curso, estabelecimento, duração e competências adquiridas;
  • Experiência profissional: título do cargo, empresa, tempo, descrição;
  • Competências Especiais: TUDO o que possa ser uma mais-valia.

Se conseguires quantificar as experiências, melhor. Ou seja, algo deste género

No estágio de 3 meses no Banco Z, fiz mais de 400 telefonemas a clientes a apresentar novos produtos e encaminhei mais de 50 clientes por dia das filas da caixa para os canais diretos, onde ensinava a usar o Serviço X e o Serviço Y.

Organizei cerca de 30 processos de pedidos de crédito e propus uma metodologia que permitia poupar 20% de tempo na organização dos processos.

Números passam sempre melhor a mensagem e mostram que és orientado para resultados. Usa-os sempre que possível.

De seguida, já sabes o que vou dizer – não deves utilizar o mesmo currículo para todas as ofertas.

Se cada empresa procura competências e experiências diferentes, tu deves pensar no que já fizeste na tua vida e adaptar-te à candidatura.

Se já acumulaste bastantes experiências profissionais, não despejes todas. Pensa naquelas que realmente fazem sentido para a oferta – é melhor um CV curto e fácil de ler, do que algo épico com 4 páginas, onde 3 são irrelevantes.

Se não tens experiência profissional na área, não desanimes. Se pensares um pouco, certamente encontrarás algo que possa ter um paralelismo com o que procuram.

Transferable Skills

Pensa nas transferable skills – competências que poderás transferir de um emprego para outro, como a capacidade de liderança, resiliência, autonomia ou proactividade. São palavras algo cliché, é verdade, mas toda a tua experiência passada acumulou pontos nestes tópicos e deves aproveitá-la como tal.

Se calhar foste Delegado de Turma, Presidente da Associação de Estudantes ou estudaste piano durante 10 anos. Aprendeste algo relevante pelo caminho, portanto não sejas tímido e conta a tua história no CV!

O Telefonema de follow-up

Enviaste o e-mail, verificaste que foi lido mas não recebeste feedback. No news are bad news, pensas tu.

É aqui que o telefonema de follow-up te pode dar jeito. Basta ligares para o número da sede, pedir para falar com a responsável dos Recursos Humanos (muitas vezes a Oferta de Trabalho até tem o nome da responsável) e perguntar, cordialmente, se teve oportunidade de ver a tua candidatura à posição x.

Vais ficar admirado com o número de vezes em que a resposta é algo deste género:

Ainda não começámos o processo, está atrasado porque a minha superior está de férias, mas já agora dê-me o seu nome para garantir que o recebi.

Ou seja, para além de ficares com a resposta e acalmares a tua curiosidade, ganhas um bilhete para passar para a frente da fila na Loja do Cidadão. Nada mau!

Por norma, é boa ideia pensares neste telefonema se durante 4–5 dias não tiveres novidades da empresa.

Como Como Conseguir Emprego - #2: A tua Marca Pessoal

#2: A tua Marca Pessoal

OK, até aqui falámos de coisas que se podem aplicar a praticamente qualquer indústria ou cargo de trabalho. É tempo de passarmos aos detalhes – afinal de contas, somos de Marketing Digital!

Mostra que Dominas

E aqui estou a falar de Marketing de Conteúdos, do qual como deves saber, sou grande fã.

Imagina que estás à procura de uma nutricionista. Recebes 2 respostas: ambas dizem que são profissionais da área há 5 anos, mas uma tem um blog.

Passas por lá e vês que a pessoa está atenta às notícias da indústria, que partilha os seus conhecimentos com os seus leitores e que gosta verdadeiramente do que faz. Qual é que te deixa mais confiante?

A outra profissional podia ser igualmente competente – mas esta mostrou-te que domina.

Se adoras SEO, Redes Sociais ou E-mail Marketing, prova-o! Sim, escrever dá trabalho – mas estás a contribuir para a comunidade, a aumentar a tua awareness e a mostrar que és uma boa aposta para qualquer empresa.

Os benefícios são claramente superiores aos custos.

Como criar um blog no DigitalOcean

Escrevi este guia sobre como podes criar um blog, mas podes começar por algo tão simples como escrever artigos no Medium, no LinkedIn Pulse ou até no Blogger.

Gere a tua reputação online

Hoje em dia, uma boa parte de nós partilha a sua vida nas redes sociais e muita gente dos RH faz um pequeno background check para recolher mais informação sobre um candidato.

Talvez seja boa ideia pesquisares pelo teu nome no Google e ver o teu perfil nas várias redes sociais em modo incognito (ou navegação anónima) e confirmar que não aparece “aquela” noite que tiveste com os teus amigos, ou aquela publicação sobre política algo controversa.

Bruno Brito no Google

A partir do momento em que estás em candidaturas, recomendo fortemente que reflictas antes de “desabafar” no Facebook. Também será boa ideia reveres os teus últimos conteúdos.

Não tens de passar a ser uma pessoa super-aborrecida nas redes, nem mudar de identidade de um dia para o outro, apenas garantir que não tens algo demasiado polémico que comprometa a tua contratação – a não ser que essa polémica faça parte da tua estratégia.

Se quiseres utilizar as redes sociais para partilhares artigos que mostram que andas atento às novidades, podes sempre seguir os meus 10 Mandamentos de Social Media.

Não largues os teus hobbies

Mesmo que não tenham nada a ver com Marketing, será boa ideia continuares com os teus hobbies.

Posso-te dar o meu exemplo pessoal: sou praticante de Wrestling há imensos anos, e professor na academia do WrestlingPortugal há 9. É algo que adoro e que tenho muito orgulho em pertencer.

Para além de ter mostrado algumas das já referidas transferable skills, como a capacidade de liderar um grupo, a disciplina que esta prática confere e a persistência/resiliência depois de todos estes anos, é um tópico que é SEMPRE abordado nas entrevistas – e que sempre me favoreceu face aos restantes.

Para além disso, este hobby permite-me conhecer todos os anos pessoas interessantes, praticantes ou não, que de outra forma nunca se cruzariam comigo. E isso traz-me para o tópico seguinte.

O Networking

Existem dezenas de fóruns, grupos do Facebook, conferências de Marketing Digital como o ClickSummit (da qual já fiz parte) e meetups de Marketing Digital um pouco por todo o país (não acreditas? Procura aqui).

Meetup - Marketing

Não há melhor forma de melhorares as tuas competências do que falares com outras pessoas que partilham a mesma paixão que tu – ficarás a conhecer novas formas de fazeres as coisas e entrarás num círculo que te deixará mais atento às mudanças na indústria. E, se mostrares que tens conhecimentos, é normal que te convidem para integrar em projectos pelo caminho.

Como Conseguir Emprego - #3: A Milha Extra"

#3: A “Milha Extra”

Pensavas que já tinha acabado? Se leste este artigo até aqui, sinto que já estarás em boa posição para qualquer oferta de emprego que surja.

No entanto, ainda tenho mais umas palavras para ti.

Este último tópico é aquele que separa os bons dos muito bons. Aqueles que “até queriam o emprego” daqueles que não vão parar até conseguirem aquela cobiçada posição, naquela empresa específica.

Vou contar-te um segredo. Sabes, a malta do Marketing está mal habituada. Na nossa indústria, não é normal termos entrevistas técnicas (como os programadores), nem termos de apresentar portefólio, como por exemplo os designers.

Aparecemos na reunião, contamos a nossa história, dizemos que passámos 1 ano aqui e outros 2 ali e ficamos à espera que o telefone toque. E, muitas vezes, é suficiente.

Mas podes andar “a milha extra”. Ir mais longe do que é esperado. Porque se fores mais longe que os outros, tens melhores hipóteses, certo?

Eis uma história directamente do meu baú. Quando tinha 19 anos, fiz o meu primeiro CV, imprimi-o e coloquei-o dentro de uma garrafa de vidro de Coca-Cola. Tinha terminado o 1º ano de Publicidade e Marketing, e queria começar a trabalhar. Foi um bocado como esta imagem, mas muito menos épico.

Mensagem numa Garrafa

Na altura já adorava computadores e então dirigi-me a uma loja conhecida, para entregar essa garrafa pessoalmente. “Para darem ao chefe”, disse eu.

O telefone tocou nessa mesma tarde. O chefe quis-me conhecer, porque não estava habituado a este tipo de abordagens. Disse-me logo que provavelmente não iria ficar com o trabalho, porque queriam alguém com experiência de vendas e de caixa, mas queria pelo menos conhecer-me para me recomendar ao escritório do Marketing da empresa, para quando surgisse uma vaga. O tal pé na porta.

No mundo digital, há muitas maneiras de realizares este esforço adicional. Quanto melhor conseguires provar que trarás resultados (e dinheiro) à empresa, melhor.

Com esse raciocínio em mente, aqui ficam algumas sugestões. Se, para a marca em questão, queres…

  • Gerir a presença nas redes sociais, cria uma página de fãs desse tópico e mostra que sabes escrever, que gostas de gerir comentários e que consegues ter conteúdo infinito sobre esse tema.
  • Fazer e-mail marketing, cria uma conta no Mailchimp e elabora alguns exemplos de auto-responders, de comunicados a anunciar novos produtos, ou newsletters de content curation.
  • Gerir o blog, cria tu próprio um pequeno blog que fale sobre essa indústria e mostra que te interessas sobre essa indústria e tens algo a dar à comunidade.
  • Tratar de todo o SEO, faz um pequeno relatório em que analisas o site e mostras as várias oportunidades perdidas da empresa.

Percebes a ideia? O objectivo é ir mais longe que toda a concorrência. Se isto não fizer barulho no escritório, nada fará e, sinceramente, também não te merecem.

Considerações finais

Neste artigo tentei evitar aquilo que considero “o óbvio”. Pontos como estes:

  • Chegar a horas à reunião (e com boa aparência);
  • Utilizar o corrector ortográfico em todos os e-mails, cartas e CVs elaborados;
  • Cumprimentar toda a gente da sala, decorar os nomes e esperar que nos digam que nos podemos sentar.

Acima de tudo, lembra-te que vale a pena investir algumas horas na elaboração da tua candidatura, se é algo que realmente ambicionas – se fores só mais um, serás um candidato a mais!

Força nisso e boa sorte!

Macbook no jardim

Como encontrar trabalho na Internet

Como encontrar trabalho na Internet 620 350 Bruno Brito

A Internet oferece tantas oportunidades nos dias que correm que muita gente já pode trabalhar a partir de casa (e em qualquer parte do mundo), seja enquanto freelancer, empreendedor ou mesmo como colaborador de algumas empresas, como é o caso do Buffer.

Encontrar trabalho na Internet está, infelizmente, ainda associado a todo o tipo de esquemas e fraudes que prometem sempre o mesmo: trabalhar uns minutos por dia e ganhar um salário “simpático” (pelo menos para os padrões portugueses), passando a maior parte do tempo na praia.

Esta “vida de sonho” que procuram vender ganha sempre alguns adeptos mas, felizmente, as pessoas começam a conseguir diferenciar os trabalhos legítimos dos trabalhos duvidosos do mundo online.

No fundo, esta distinção é até bastante simples de se fazer: ninguém vai fazer 1000 euros mensais por deixar o PC ligado todo o dia num site ou por enviar um link a 10 ou 20 amigos. Mas poderá fazer algum dinheiro ao fim do mês se trocar horas da sua vida por trabalho, especialmente se tiver competências muito particulares.

E que competências são essas?

As competências mais procuradas

Todo o tipo de capacidades poderão ser encaradas como uma mais-valia se as soubermos posicionar e encontrar uma audiência disposta a pagar pelas mesmas. Poderão ser uma voz única, um talento para um particular tipo de desenho ou uma cara bonita para aparecer numa fotografia ao lado de um produto.

No entanto, aqui vou referir aquelas que são, realmente, as mais procuradas.

Escrita:

  • revisão de textos;
  • serviços de tradução;
  • criação de conteúdos;
  • transcrição de áudio para texto.

Multimédia:

  • edição de imagem;
  • edição de audio e vídeo;
  • design de logotipos ou flyers;
  • narração de vídeos ou análises a produtos;
  • criação de introduções (por exemplo para podcasts).

Outros

  • assistente virtual;
  • gestão de redes sociais;
  • instalação de sites WordPress;
  • resoluções de problemas relacionados com HTML/CSS.

Muitos destes serviços são relativamente acessíveis para qualquer pessoa e mesmo que não esteja nesta lista nenhum com que te identifiques, certamente se procurares um pouco mais encontrarás algo para ti.

Por vezes são tarefas bem simples – passar um PDF para Powerpoint, ou redimensionar uma série de imagens. Não é preciso seres um génio da informática para fazer uma boa parte delas e muitas vezes tudo o que tens de fazer é abdicar do teu tempo pelo dinheiro.

Nem todos são propriamente bem pagos, mas geralmente o esforço é proporcional ao tempo investido.

As Plataformas

Vamos agora conhecer algumas das (inúmeras) plataformas onde podemos anunciar os nossos serviços/projectos e ganhar dinheiro, lembrando que estão orientadas, quase todas, para os 2 lados – ou seja, não só para quem está a oferecer serviços, mas também para quem os procura.

Elance

O Elance é provavelmente o site mais popular de freelancing do mundo, especialmente desde a fusão com o seu principal concorrente, o oDesk, no final de 2013.

Elance e oDesk

Aqui pode-se encontrar um pouco de tudo, seja tarefas de apenas alguns minutos até projectos com a duração de algumas semanas, ou até meses.

Os trabalhos são sobretudo nas áreas que referi acima, mas basta pesquisar por keyword para verificar que ofertas existem para nós (por exemplo, pesquisando pelo nome do software que dominamos).

Este site é tremendamente competitivo, pelo que não chegará criar um perfil – o mais provável é que com as mesmas competências que nós, já existam outros 100. Teremos de estar sempre atentos a novas ofertas e ser rápidos a concorrer.

O Elance tem um canal no YouTube frequentemente actualizado com dicas para freelancers que vale a pena consultar. Para uma opção menos “congestionada”, existem vários sites do mesmo género, como o PeoplePerHour.

Fiverr

O Fiverr é um site tremendamente popular por oferecer serviços (a partir) de $5.

Este conceito tornou o site um must para pequenos trabalhos, geralmente muito rápidos de se fazerem.

O Fiverr, onde tudo custa a partir de $5

À medida que a popularidade aumentou, o serviço passou também a ser mais competitivo – e hoje em dia é frequente encontrarmos um grande número de extras em cada serviço, se desejarmos alguma adição ao trabalho inicial.

Por exemplo, podemos pedir a alguém uma imagem mas se quisermos que a mesma seja em alta resolução, pagaremos mais $5. Se quisermos que seja feita no prazo de 24 horas, outros $5. Em Illustrator, mais $10. Isso faz com que poucos serviços fiquem realmente a $5 e tal facto são boas notícias para quem está do lado do fornecedor.

Os trabalhos mais frequentes são geralmente os relacionados com texto e design, mas podemos encontrar um pouco de tudo por aqui (alguns até bem estranhos).

99 Designs

O 99 Designs é consideravelmente diferente dos anteriores, por 2 motivos:

  • é dirigido a designers, sendo procurado especialmente para logotipos, websites, infográficos ou ilustrações;
  • é “a concurso”, ou seja o cliente faz o briefing e qualquer designer interessado poderá concorrer. Só o trabalho vencedor será, no entanto remunerado.

99 Designs

Esta é uma boa solução para designers experientes e confiantes, que sentem que não têm nada a perder em concorrer – muitos destes projectos são bem pagos, sendo geralmente o número de participações proporcional ao dinheiro que está em jogo.

Envato

Para profissionais mais orientados para o multimédia, o conjunto de sites da Envato é tremendamente útil.

O império Envato

A Envato é um grupo grande que oferece soluções de todo o tipo. Estes são os seus sites mais populares:

  • o ThemeForest, para programadores e webdesigners que criem themes para WordPress, Joomla ou HTML;
  • o CodeCanyon, para os mestres do código que desenvolvam plug-ins para CMS, como os populares sliders, pop-ups ou leitores de vídeo;
  • o PhotoDune, GraphicRiver, AudioJungle, VideoHive e 3DOcean, que dá a oportunidade aos freelancers de produzirem conteúdos royalty-free de imagem, som, vídeo e 3D.
  • o EnvatoStudio (anteriormente conhecido como Microlancer), a investida mais recente da companhia australiana, que procura fazer frente ao Elance e, de certo modo, até ao Fiverr (se bem que com valores mais altos).

Uma alternativa igualmente interessante (e menos saturada) é o CreativeMarket.

Patreon

O Patreon é uma óptima escolha para quem produz conteúdos de qualidade e já conquistou um belo grupo de fãs/seguidores pelo caminho.

Aqui, por cada conteúdo novo produzido, somos remunerados por um conjunto de pessoas disposta a pagar para o consumir.

Esta pode ser uma boa solução para escritores, podcasters, músicos ou malta do YouTube que quer passar a receber algum dinheiro por cada conteúdo publicado.

Kickstarter ou Indiegogo

Para pessoas com um espírito mais empreendedor, ou que queiram simplesmente validar ideias, uma boa opção será uma plataforma de crowd-funding como as populares Kickstarter e Indiegogo.

Aqui, ter já uma audiência é uma mais-valia, a não ser que a ideia seja tão fantástica que rapidamente se torne viral.

Kickstarter, a plataforma mais popular de crowd-funding

Muitos projectos surgem agora desta forma (como por exemplo o Ghost), onde o criador explica a sua visão, como a pretende realizar e que tipo de investimento tornará isso possível. Em troca, quem investe no projecto receberá depois algum tipo de regalia, como o próprio produto, merchandise ou um agradecimento no produto final.

A remuneração

A maior parte dos serviços paga aos colaboradores com aquela que é a moeda da Internet, e não me estou a referir ao bitcoin – falo claro do PayPal.

O PayPal é utilizado na maior parte das grandes lojas e serviços online (com a grande excepção da Amazon) e também permite a transferência para a conta bancária com umas taxas bastante aceitáveis.

A maior parte destas plataformas terá uma comissão sobre o serviço (afinal de contas, só assim ganharão dinheiro) pelo que terás de ter em conta estes 2 encargos quando estás a definir um valor junto ao potencial cliente.

Por fim, é importante referir que, na maior parte dos casos, não terás o dinheiro antes de concluíres o trabalho.

No caso de um projecto longo, é normal pedir uma percentagem do dinheiro antes de começar, mas geralmente a plataforma retém o dinheiro até que o trabalho fique finalizado e o feedback seja dado.

Esta é, de resto, uma forma de proteger quem está a pagar pelo serviço prestado.

Algumas dicas

Este tipo de trabalho começa a ter cada vez maior procura, pelo que se trata de um mercado já bastante competitivo. Enquanto português, a vantagem é clara: podes pedir um valor por hora inferior ao de um Americano ou de um Suíço, visto que o custo de vida é também bastante diferente.

Ainda assim, um preço mais baixo não será a garantia de muitos trabalhos – até porque competimos com pessoas talentosas que vivem em países bem mais pobres do que Portugal.

Posto isto, aqui ficam alguns conselhos para que tenhas sucesso nesta aventura…

O perfil é tudo

Neste tipo de trabalhos, o perfil é o nosso cartão de visita. Raramente são feitas entrevistas, mas o potencial cliente terá certamente mais candidatos por onde escolher e é necessário dedicar algum tempo à elaboração do perfil para que o teu não seja ignorado assim que a página é carregada.

Uma imagem de perfil é praticamente obrigatória, bem como um bom texto e um bom portefólio – quantos mais trabalhos que causem boa impressão, melhor.

Ainda assim, nada disto chegará se não existirem reviews a condizer, garantindo que o nosso trabalho tem qualidade. Este é o ponto mais importante para quem está do outro lado: ter a garantia de que o seu dinheiro vai para alguém que tem boas referências.

Mensagens genéricas não ganham

Da mesma forma que enviar um e-mail genérico para todos os empregos que concorremos não traz resultados, responder a este tipo de anúncios sem ler atentamente o que é pedido e sem personalizar a mensagem é uma perda de tempo, tanto para nós como para o potencial cliente.

Aqui, mais vale demorar 10 ou 15 minutos a elaborar uma resposta coerente do que ser o primeiro a aparecer, mas com uma mensagem que mostra claramente falta de respeito pelo pedido do cliente. Estas dicas ajudam-te a escrever mais depressa.

O preço cria 2 tipos de clientes

Em sites como o Fiverr, há geralmente 2 tipos de pessoas:

  • aqueles que sentem que, por estar a pagar $5 não podem pedir revisões ilimitadas;
  • aqueles que acham que, precisamente por estarem a pagar $5, têm direito a um tratamento (e um produto final) premium.

Também verificamos esta contradição em projectos de valores elevados – sendo mais uma característica do cliente do que propriamente do valor que está em jogo – mas no caso do Fiverr não deixa de ser frustrante.

A verdade é que o feedback é muito importante para os freelancers (às vezes até mais importante que a remuneração), o que faz com que acabem por perder várias horas num trabalho simples porque o cliente se recusa a aceitar qualquer revisão que lhe é enviada e sabe que tem esse ponto a seu favor.

Infelizmente, é difícil saber que tipo de cliente nos espera, mas um conselho seria estabelecer as regras do jogo a priori (oferecer 2 revisões nos $5 iniciais e cada extra de $5 garantir mais 2 revisões, por exemplo) para evitar gastar várias horas para $5 e uma review menos positiva.

Com o tempo, fica mais fácil

Ao início, é natural que poucos clientes aceitem correr o risco de optar por um freelancer com um perfil menos credenciado, face a power users que já estejam na plataforma há mais tempo.

No entanto, na minha experiência esses utilizadores costumam estar sempre bastante ocupados, o que aumenta as nossas chances – especialmente se a mensagem for personalizada e o preço for justo.

À medida que o número de reviews aumenta, o nosso leque de contactos e portefólio fica mais rico, colocando-nos em melhor posição para futuros trabalhos.

Com o tempo, poderemos tornar-nos nesses mesmos freelancers que acabam por ter o luxo de recusar trabalho, se conseguirmos aguentar o período do hustling em que parece que ninguém quer trabalhar connosco.

Conclusão

Trabalhar remotamente já não é “o futuro”, é a realidade full-time de muita gente espalhada por todo o mundo.

Como em qualquer projecto empreendedor ou freelance, os primeiros tempos não serão fáceis, enquanto procuramos entender aquilo que podemos oferecer e quem somos.

Teremos sempre de dar o litro e tentar garantir que a qualidade do nosso trabalho agrade a quem está do outro lado, ganhando pelo caminho maior tacto para com os clientes e maior capacidade de gerirmos a nossa própria marca pessoal.

Dito isto, vale sem dúvida a pena experimentar, nem que seja para procurar obter um rendimento extra!

Fotografia:

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