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Como encontrar trabalho na Internet

Macbook no jardim

Como encontrar trabalho na Internet

Como encontrar trabalho na Internet 620 350 Bruno Brito

A Internet oferece tantas oportunidades nos dias que correm que muita gente já pode trabalhar a partir de casa (e em qualquer parte do mundo), seja enquanto freelancer, empreendedor ou mesmo como colaborador de algumas empresas, como é o caso do Buffer.

Encontrar trabalho na Internet está, infelizmente, ainda associado a todo o tipo de esquemas e fraudes que prometem sempre o mesmo: trabalhar uns minutos por dia e ganhar um salário “simpático” (pelo menos para os padrões portugueses), passando a maior parte do tempo na praia.

Esta “vida de sonho” que procuram vender ganha sempre alguns adeptos mas, felizmente, as pessoas começam a conseguir diferenciar os trabalhos legítimos dos trabalhos duvidosos do mundo online.

No fundo, esta distinção é até bastante simples de se fazer: ninguém vai fazer 1000 euros mensais por deixar o PC ligado todo o dia num site ou por enviar um link a 10 ou 20 amigos. Mas poderá fazer algum dinheiro ao fim do mês se trocar horas da sua vida por trabalho, especialmente se tiver competências muito particulares.

E que competências são essas?

As competências mais procuradas

Todo o tipo de capacidades poderão ser encaradas como uma mais-valia se as soubermos posicionar e encontrar uma audiência disposta a pagar pelas mesmas. Poderão ser uma voz única, um talento para um particular tipo de desenho ou uma cara bonita para aparecer numa fotografia ao lado de um produto.

No entanto, aqui vou referir aquelas que são, realmente, as mais procuradas.

Escrita:

  • revisão de textos;
  • serviços de tradução;
  • criação de conteúdos;
  • transcrição de áudio para texto.

Multimédia:

  • edição de imagem;
  • edição de audio e vídeo;
  • design de logotipos ou flyers;
  • narração de vídeos ou análises a produtos;
  • criação de introduções (por exemplo para podcasts).

Outros

  • assistente virtual;
  • gestão de redes sociais;
  • instalação de sites WordPress;
  • resoluções de problemas relacionados com HTML/CSS.

Muitos destes serviços são relativamente acessíveis para qualquer pessoa e mesmo que não esteja nesta lista nenhum com que te identifiques, certamente se procurares um pouco mais encontrarás algo para ti.

Por vezes são tarefas bem simples – passar um PDF para Powerpoint, ou redimensionar uma série de imagens. Não é preciso seres um génio da informática para fazer uma boa parte delas e muitas vezes tudo o que tens de fazer é abdicar do teu tempo pelo dinheiro.

Nem todos são propriamente bem pagos, mas geralmente o esforço é proporcional ao tempo investido.

As Plataformas

Vamos agora conhecer algumas das (inúmeras) plataformas onde podemos anunciar os nossos serviços/projectos e ganhar dinheiro, lembrando que estão orientadas, quase todas, para os 2 lados – ou seja, não só para quem está a oferecer serviços, mas também para quem os procura.

Elance

O Elance é provavelmente o site mais popular de freelancing do mundo, especialmente desde a fusão com o seu principal concorrente, o oDesk, no final de 2013.

Elance e oDesk

Aqui pode-se encontrar um pouco de tudo, seja tarefas de apenas alguns minutos até projectos com a duração de algumas semanas, ou até meses.

Os trabalhos são sobretudo nas áreas que referi acima, mas basta pesquisar por keyword para verificar que ofertas existem para nós (por exemplo, pesquisando pelo nome do software que dominamos).

Este site é tremendamente competitivo, pelo que não chegará criar um perfil – o mais provável é que com as mesmas competências que nós, já existam outros 100. Teremos de estar sempre atentos a novas ofertas e ser rápidos a concorrer.

O Elance tem um canal no YouTube frequentemente actualizado com dicas para freelancers que vale a pena consultar. Para uma opção menos “congestionada”, existem vários sites do mesmo género, como o PeoplePerHour.

Fiverr

O Fiverr é um site tremendamente popular por oferecer serviços (a partir) de $5.

Este conceito tornou o site um must para pequenos trabalhos, geralmente muito rápidos de se fazerem.

O Fiverr, onde tudo custa a partir de $5

À medida que a popularidade aumentou, o serviço passou também a ser mais competitivo – e hoje em dia é frequente encontrarmos um grande número de extras em cada serviço, se desejarmos alguma adição ao trabalho inicial.

Por exemplo, podemos pedir a alguém uma imagem mas se quisermos que a mesma seja em alta resolução, pagaremos mais $5. Se quisermos que seja feita no prazo de 24 horas, outros $5. Em Illustrator, mais $10. Isso faz com que poucos serviços fiquem realmente a $5 e tal facto são boas notícias para quem está do lado do fornecedor.

Os trabalhos mais frequentes são geralmente os relacionados com texto e design, mas podemos encontrar um pouco de tudo por aqui (alguns até bem estranhos).

99 Designs

O 99 Designs é consideravelmente diferente dos anteriores, por 2 motivos:

  • é dirigido a designers, sendo procurado especialmente para logotipos, websites, infográficos ou ilustrações;
  • é “a concurso”, ou seja o cliente faz o briefing e qualquer designer interessado poderá concorrer. Só o trabalho vencedor será, no entanto remunerado.

99 Designs

Esta é uma boa solução para designers experientes e confiantes, que sentem que não têm nada a perder em concorrer – muitos destes projectos são bem pagos, sendo geralmente o número de participações proporcional ao dinheiro que está em jogo.

Envato

Para profissionais mais orientados para o multimédia, o conjunto de sites da Envato é tremendamente útil.

O império Envato

A Envato é um grupo grande que oferece soluções de todo o tipo. Estes são os seus sites mais populares:

  • o ThemeForest, para programadores e webdesigners que criem themes para WordPress, Joomla ou HTML;
  • o CodeCanyon, para os mestres do código que desenvolvam plug-ins para CMS, como os populares sliders, pop-ups ou leitores de vídeo;
  • o PhotoDune, GraphicRiver, AudioJungle, VideoHive e 3DOcean, que dá a oportunidade aos freelancers de produzirem conteúdos royalty-free de imagem, som, vídeo e 3D.
  • o EnvatoStudio (anteriormente conhecido como Microlancer), a investida mais recente da companhia australiana, que procura fazer frente ao Elance e, de certo modo, até ao Fiverr (se bem que com valores mais altos).

Uma alternativa igualmente interessante (e menos saturada) é o CreativeMarket.

Patreon

O Patreon é uma óptima escolha para quem produz conteúdos de qualidade e já conquistou um belo grupo de fãs/seguidores pelo caminho.

Aqui, por cada conteúdo novo produzido, somos remunerados por um conjunto de pessoas disposta a pagar para o consumir.

Esta pode ser uma boa solução para escritores, podcasters, músicos ou malta do YouTube que quer passar a receber algum dinheiro por cada conteúdo publicado.

Kickstarter ou Indiegogo

Para pessoas com um espírito mais empreendedor, ou que queiram simplesmente validar ideias, uma boa opção será uma plataforma de crowd-funding como as populares Kickstarter e Indiegogo.

Aqui, ter já uma audiência é uma mais-valia, a não ser que a ideia seja tão fantástica que rapidamente se torne viral.

Kickstarter, a plataforma mais popular de crowd-funding

Muitos projectos surgem agora desta forma (como por exemplo o Ghost), onde o criador explica a sua visão, como a pretende realizar e que tipo de investimento tornará isso possível. Em troca, quem investe no projecto receberá depois algum tipo de regalia, como o próprio produto, merchandise ou um agradecimento no produto final.

A remuneração

A maior parte dos serviços paga aos colaboradores com aquela que é a moeda da Internet, e não me estou a referir ao bitcoin – falo claro do PayPal.

O PayPal é utilizado na maior parte das grandes lojas e serviços online (com a grande excepção da Amazon) e também permite a transferência para a conta bancária com umas taxas bastante aceitáveis.

A maior parte destas plataformas terá uma comissão sobre o serviço (afinal de contas, só assim ganharão dinheiro) pelo que terás de ter em conta estes 2 encargos quando estás a definir um valor junto ao potencial cliente.

Por fim, é importante referir que, na maior parte dos casos, não terás o dinheiro antes de concluíres o trabalho.

No caso de um projecto longo, é normal pedir uma percentagem do dinheiro antes de começar, mas geralmente a plataforma retém o dinheiro até que o trabalho fique finalizado e o feedback seja dado.

Esta é, de resto, uma forma de proteger quem está a pagar pelo serviço prestado.

Algumas dicas

Este tipo de trabalho começa a ter cada vez maior procura, pelo que se trata de um mercado já bastante competitivo. Enquanto português, a vantagem é clara: podes pedir um valor por hora inferior ao de um Americano ou de um Suíço, visto que o custo de vida é também bastante diferente.

Ainda assim, um preço mais baixo não será a garantia de muitos trabalhos – até porque competimos com pessoas talentosas que vivem em países bem mais pobres do que Portugal.

Posto isto, aqui ficam alguns conselhos para que tenhas sucesso nesta aventura…

O perfil é tudo

Neste tipo de trabalhos, o perfil é o nosso cartão de visita. Raramente são feitas entrevistas, mas o potencial cliente terá certamente mais candidatos por onde escolher e é necessário dedicar algum tempo à elaboração do perfil para que o teu não seja ignorado assim que a página é carregada.

Uma imagem de perfil é praticamente obrigatória, bem como um bom texto e um bom portefólio – quantos mais trabalhos que causem boa impressão, melhor.

Ainda assim, nada disto chegará se não existirem reviews a condizer, garantindo que o nosso trabalho tem qualidade. Este é o ponto mais importante para quem está do outro lado: ter a garantia de que o seu dinheiro vai para alguém que tem boas referências.

Mensagens genéricas não ganham

Da mesma forma que enviar um e-mail genérico para todos os empregos que concorremos não traz resultados, responder a este tipo de anúncios sem ler atentamente o que é pedido e sem personalizar a mensagem é uma perda de tempo, tanto para nós como para o potencial cliente.

Aqui, mais vale demorar 10 ou 15 minutos a elaborar uma resposta coerente do que ser o primeiro a aparecer, mas com uma mensagem que mostra claramente falta de respeito pelo pedido do cliente. Estas dicas ajudam-te a escrever mais depressa.

O preço cria 2 tipos de clientes

Em sites como o Fiverr, há geralmente 2 tipos de pessoas:

  • aqueles que sentem que, por estar a pagar $5 não podem pedir revisões ilimitadas;
  • aqueles que acham que, precisamente por estarem a pagar $5, têm direito a um tratamento (e um produto final) premium.

Também verificamos esta contradição em projectos de valores elevados – sendo mais uma característica do cliente do que propriamente do valor que está em jogo – mas no caso do Fiverr não deixa de ser frustrante.

A verdade é que o feedback é muito importante para os freelancers (às vezes até mais importante que a remuneração), o que faz com que acabem por perder várias horas num trabalho simples porque o cliente se recusa a aceitar qualquer revisão que lhe é enviada e sabe que tem esse ponto a seu favor.

Infelizmente, é difícil saber que tipo de cliente nos espera, mas um conselho seria estabelecer as regras do jogo a priori (oferecer 2 revisões nos $5 iniciais e cada extra de $5 garantir mais 2 revisões, por exemplo) para evitar gastar várias horas para $5 e uma review menos positiva.

Com o tempo, fica mais fácil

Ao início, é natural que poucos clientes aceitem correr o risco de optar por um freelancer com um perfil menos credenciado, face a power users que já estejam na plataforma há mais tempo.

No entanto, na minha experiência esses utilizadores costumam estar sempre bastante ocupados, o que aumenta as nossas chances – especialmente se a mensagem for personalizada e o preço for justo.

À medida que o número de reviews aumenta, o nosso leque de contactos e portefólio fica mais rico, colocando-nos em melhor posição para futuros trabalhos.

Com o tempo, poderemos tornar-nos nesses mesmos freelancers que acabam por ter o luxo de recusar trabalho, se conseguirmos aguentar o período do hustling em que parece que ninguém quer trabalhar connosco.

Conclusão

Trabalhar remotamente já não é “o futuro”, é a realidade full-time de muita gente espalhada por todo o mundo.

Como em qualquer projecto empreendedor ou freelance, os primeiros tempos não serão fáceis, enquanto procuramos entender aquilo que podemos oferecer e quem somos.

Teremos sempre de dar o litro e tentar garantir que a qualidade do nosso trabalho agrade a quem está do outro lado, ganhando pelo caminho maior tacto para com os clientes e maior capacidade de gerirmos a nossa própria marca pessoal.

Dito isto, vale sem dúvida a pena experimentar, nem que seja para procurar obter um rendimento extra!

Fotografia:

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